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De BB- para BB

Agência de risco Fitch eleva nota de crédito do Brasil pela primeira vez desde 2018

Sede da Fitch Ratings, em Nova York: agência projeta crescimento de 2,3% do PIB do Brasil em 2023 (Foto: Divulgação/Fitch Ratings)

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A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito de longo prazo do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável. Segundo informou a instituição nesta quarta-feira (26), a mudança reflete um “desempenho macroeconômico e fiscal acima do esperado em meio a sucessivos choques nos últimos anos, políticas proativas e reformas”. A agência também cita a expectativa “de que o novo governo trabalhará em melhorias adicionais”.

A agência mudou ainda a projeção de crescimento do PIB para 2023 de 0,7% para 2,3% e prevê a convergência para um crescimento estrutural de 2% ao ano no médio prazo.

Em junho, a congênere S&P alterou a perspectiva de nota de crédito do Brasil de estável para positiva, porém sem elevar o rating em si. A mudança da agência foi a primeira desde 2019.

A alteração na classificação de risco da Fitch é a primeira desde 2018, quando houve rebaixamento da nota. O comunicado sobre a decisão menciona que, desde aquele ano, “apesar das persistentes tensões políticas”, houve progresso no enfrentamento de desafios econômicos e fiscais, citando a reforma da Previdência, aprovada em 2019, e a independência do Banco Central (BC), em 2021, ambos no governo de Jair Bolsonaro (PL).

A agência diz ainda que, embora Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defenda um afastamento da agenda econômica liberal dos governos anteriores, espera-se que “o pragmatismo e os freios e contrapesos institucionais mais amplos evitem desvios radicais de macro ou micropolítica, enquanto o governo também busca iniciativas para apoiar o setor privado”, destacando a proposta de reforma tributária, em tramitação no Senado.

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“A reforma do imposto sobre o consumo oferece maior vantagem, pois aborda um dos maiores gargalos de competitividade do Brasil. Visa simplificar o sistema altamente complexo e eliminar as distorções que alimentam a má alocação de capital”, diz o texto.Segundo a Ficth, “parece improvável que Lula busque grandes reversões de reformas liberais promulgadas nos últimos anos (como a reforma trabalhista e a privatização da Eletrobras)” ao mesmo tempo em que o Congresso impede outras tentativas de mudanças nesse sentido, como a descaracterização do marco do saneamento.Sobre a Petrobras e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a entidade diz que mudanças em suas estratégias corporativas “provavelmente não reacenderão as distorções que prejudicaram o desempenho econômico no passado”.A agência ainda faz elogios à atuação do BC, que, segundo ela, “conduziu uma política monetária prudente e proativa durante o recente choque inflacionário e manteve a taxa Selic em 13,75% desde agosto de 2022, em meio a incertezas fiscais, rigidez no núcleo da inflação e algum desvio para cima nas expectativas de alta de preços”.“As críticas explícitas de Lula ao BC não resultaram em tentativas de introduzir grandes mudanças na estrutura de metas de inflação, e as expectativas de inflação estão melhorando após algum nervosismo anterior”, diz o texto.Outros fatores que elevaram a nota do Brasil incluem a proposta do novo arcabouço fiscal,  uma melhor trajetória da dívida e a possibilidade de um superávit comercial recorde em 2023, apoiado por uma forte produção agrícola e menores custos de importação.“A posição fiscal está se deteriorando em 2023 após uma melhora anterior, mas a Fitch espera que as novas regras fiscais e medidas tributárias ancorem uma consolidação gradual”, afirma a agência.Além disso, apesar da projeção de aumento da relação da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB), o ritmo deve ser “mais lento e a partir de um ponto de partida muito melhor do que o previsto anteriormente”.

O texto fala ainda na persistência de tensões políticas, que, no entanto, não resultaram em resultados econômicos ou políticos adversos “e refletem o funcionamento eficaz do sistema de freios e contrapesos em alguns casos”.

Fazenda fala em "compromisso com reformas"; Lira elogia política econômica

Em uma nota a respeito da mudança no rating da Fitch, o Ministério da Fazenda diz reiterar “seu compromisso com a agenda de reformas em curso, que contribuirá não apenas para o melhor balanço fiscal do governo, mas também levará à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito, ao mesmo tempo em que assegurará a estabilidade dos preços”.

“Desta forma, serão criadas as condições para a ampliação dos investimentos públicos e privados e a geração de empregos, aumento da renda e maior eficiência econômica, elementos essenciais para o desenvolvimento econômico e social do país.”, finaliza o texto.Para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a decisão da Fitch "é uma importante conquista para a economia do país". No Twitter, ele escreveu que a melhora da nota e "se deve à política econômica do governo, que tem recebido todo o apoio institucional da Câmara".

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