"Defendam a internet. Ela não pode ser controlada por governos ou grandes corporações. A internet é do povo." Essa foi uma das frases do ex-vice-presidente dos EUA Al Gore em sua breve apresentação durante o segundo dia da Campus Party, evento de tecnologia e entretenimento que ocorre até domingo em São Paulo.
Durante seu discurso, Gore afirmou que a internet traz a democracria à vida real e que a neutralidade da rede deve continuar. "A forma como se usam as ferramentas tecnológicas é absolutamente importante. Sigam seus corações e mantenham os sonhos das pessoas vivos, não deixem que a rede seja controlada", afirmou. A discussão vem em um momento em que a neutralidade da internet é questionada, inclusive por iniciativas de empresas globais sobre a possibilidade de priorizar conteúdo de acordo com a vontade do usuário no momento.
O tema também foi abordado por Tim Berners-Lee, um dos criadores da rede, que participou do painel. Para ele, o próximo passo na evolução da internet é o aprimoramento dos sistemas democráticos. Entusiasta da liberação de dados de governos e criador do site Data.gov.uk (em parceria com o governo britânico), Berners-Lee acredita que a transparência através dos meios digitais pode ajudar a melhorar a governança dos países abertos. "Os dados produzidos pelo governo, pagos por impostos, devem ser abertos. Isso possibilita que as pessoas peguem os dados brutos e conectem os pontos de uma maneira nova, criando novos sentidos para entendermos melhor como o mundo funciona. Tudo tende a funcionar melhor dessa maneira", argumenta.
A empolgação de ambos cessou, no entanto, quando o mediador do debate, o editor da revista Wired inglesa, Ben Hammersley, fez uma pergunta um pouco mais difícil: o WikiLeaks também se insere nesse contexto de democratização e transparência? Tanto Gore quanto Berners-Lee deram voltas e voltas argumentativas, mas não responderam à pergunta. Dados privados são outra história.