Com uma alta mais branda de alimentos, a inflação oficial do governo cedeu em maio e ficou em 0,43%. Mas ainda não há sinais de que o desaquecimento da economia no segundo trimestre já tenha se traduzido em preços mais baixos, relevam os dados Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em abril, o índice do IBGE havia sido de 0,57%.A desaceleração foi pontual, dizem analistas, e se deveu quase que exclusivamente à menor pressão dos alimentos que subiram 0,28%, ante 1,45% em abril. Com a menor alta do grupo alimentação, o IPCA registrou em maio a mais baixa variação do ano. De janeiro a maio, o índice acumulou inflação de 3,09%. Em 12 meses, ficou em 5,22% -acima do centro da meta de inflação de 2010 (4,5%).
Os dados mostram que a pressão de alimentos deu lugar, em maio, à dos serviços públicos e preços administrados. Subiram acima do IPCA médio do mês energia elétrica (1,23%), condomínio (1,17%), remédios (1,16%), taxa de água e esgoto (0,84%), aluguel (0,74%) e empregado doméstico que sofre influência do salário mínimo e avançou 1,12%.
Tendência pontual
Para Laura Haralyi, economista do Itaú-Unibanco, a perda de ritmo da inflação é reflexo da desaceleração dos alimentos, movimento que tende a se intensificar em junho e julho quando é provável que o IPCA registre taxas negativas. "É uma tendência pontual. Os alimentos devem voltar a subir em agosto. A alta dos juros e o menor aquecimento da economia ainda não tiveram impacto na inflação. Um sinal é o maior fôlego, em maio, dos aumentos dos serviços (0,62%) e dos bens duráveis (0,41%) estes sob impacto do fim do IPI reduzido para automóveis, eletrodomésticos e móveis. Ontem, em São Paulo, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o governo está atento ao impacto que a elevação do PIB possa ter na inflação. "Queremos crescer com inflação controlada", destacou. Bernardo salientou que a inflação ainda não preocupa, mas disse que se o porcentual atingir níveis mais elevados, o governo terá que adotar medidas duras. "Um tiquinho a mais como está sinalizando hoje me parece tolerável. Mais que isso, o governo terá que agir e, às vezes, isso pode afetar o crescimento."
Ele não entrou em detalhes sobre quais ações o governo poderia adotar para conter a eventual alta inflacionária, mas citou a elevação nas taxas de juros e medidas como as que o Banco Central já tomou, como a elevação dos depósitos compulsórios.