A aprovação no Senado argentino da lei que permite o pagamento dos fundos abutres, ocorrida na madrugada desta quinta-feira (31), fará com que o bilionário fundo de investimentos NML, do americano Paul Singer, receba cerca de 10 a 15 vezes o valor original investido.
Cálculos da corretora Puente indicam que o NML receberá US$ 2,80 para cada título de US$ 1 da dívida – ele pedia US$ 3,50. O fundo porém, não chegou a pagar US$ 1 nos papéis. Como os adquiriu entre 2002 e 2003, após a Argentina ter quebrado, pagou de US$ 0,20 a US$ 0,30 por título.
Em média, os abutres que fecharam o acordo com a Argentina neste ano levarão US$ 1,5 por cada papel de US$ 1. Os fundos que participaram da reestruturação da dívida em 2005 e 2010 conseguiram, em valores atualizados, cerca de US$ 1,20.
“Seus papéis [do NML] tinham uma taxa de juros muito alta, por isso o fundo receberá mais”, afirma o economista-chefe da corretora Puente, Alejo Costa.
Esta não será a primeira vez em que o fundo de Singer (que figura na 327 posição na lista dos homens mais ricos dos EUA) lucra com um país em default. Essa, aliás, é a especialidade do Elliott Management, dono do NML, que realizou uma operação semelhante com títulos do Peru.
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Leia a matéria completaNo total, Singer receberá do governo de Mauricio Macri US$ 2,28 bilhões.
Taxa de juros
O retorno médio acertado pelos abutres com o governo é de 7,8% por ano sobre o valor nominal dos títulos.
A taxa foi calculada pela consultoria Econométrica e apresentada no Congresso durante as discussões que antecederam a votação.
Com essa base de comparação, o acordo também é significativamente melhor que o dos investidores que fecharam nas negociações de 2005 e 2010. Esses conseguiram um rendimento de cerca de 2%. Existe agora uma preocupação de que eles possam recorrer à Justiça por condições melhores.
O escritório de direito contratados pelo governo argentino defende, porém, que os credores que negociaram anteriormente não terão respaldo legal para conseguir uma equiparação.
Pagamentos
O pagamento dos abutres deverá ser feito até o dia 14 de abril. Para isso, o governo emitirá uma dívida de US$ 12,5 bilhões – o total devido é US$ 11,864 bilhões.
Em dez dias, o ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, começará uma viagem pela Europa e pelos Estados Unidos para apresentar o plano e captar recursos.
A Argentina poderá voltar ao mercado de crédito internacional, do qual foi afastado em meados de 2014, somente após o pagamento.
Os fundos abutres, apelidados assim pelo governo de Cristina Kirchner, são os credores que compraram os papéis “podres” da dívida externa argentina e não aceitaram as duas reestruturações nos anos 2000.
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