A delicada situação dos reservatórios das hidrelétricas pode piorar. Apesar de o armazenamento estar no menor nível desde o racionamento, as usinas serão muito requisitadas nos próximos meses para suportar o aumento do consumo no verão.
Desde que começou o período seco, em abril, o sistema tem sido reforçado pela produção das térmicas movidas a biomassa e das usinas eólicas. Mas com o início da entressafra da cana e período de ventos mais fracos no Nordeste, essa contribuição vai diminuir nos próximos meses ao mesmo tempo que o consumo subirá com o calor.
Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), compilados pela comercializadora de energia Comerc, mostram que a geração menor dessas fontes aliada à demanda mais forte provocará um buraco de 9.241 megawatts (MW) médios em janeiro, que terão de ser supridos por hidrelétricas e termelétricas.
O impacto maior será provocado pela queda na produção da energia de biomassa que desde maio tem gerado acima de 3 mil MW médios. Esse volume deve cair para 400 MW médios em janeiro, segundo a Comerc. A eólica seguirá o mesmo ritmo. Nos últimos dias, as usinas a vento geraram 4% da energia do sistema. Segundo dados da Comerc, a produção das eólicas deve cair pela metade, para cerca de 1 mil MW.
Térmicas
Apesar de o país ter 22 mil MW de capacidade instalada de energia térmica (incluindo as nucleares), apenas 17 mil MW estão disponíveis, segundo relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Pelos relatórios do ONS, entre o dia 20 de outubro e 6 de novembro, a participação da energia térmica variou de 21,35% a 25,35% do total.
No caso das hidrelétricas, a participação voltou a subir nas últimas semanas, para até 61% do total. Pior: no Sudeste/Centro-Oeste, a produção de energia hídrica aumentou, apesar de algumas usinas estarem com menos de 10% de armazenamento.