Linha de produção
Das 11 etapas a seguir, pelo menos seis precisam ser feitas no Brasil para que a montadora escape do IPI maior:
- Montagem, revisão final e ensaios compatíveis
- Estampagem
- Soldagem
- Tratamento anticorrosivo e pintura
- Injeção de plástico
- Fabricação de motores
- Fabricação de transmissões
- Montagem de sistemas de direção, de suspensão, elétrico e de freio, de eixos, de motor, de caixa de câmbio e de transmissão
- Montagem de chassis e de carrocerias
- Montagem final de cabines ou de carrocerias, com instalação de itens, inclusive acústicos e térmicos, de forração e de acabamento
- Produção de carrocerias preponderantemente através de peças avulsas estampadas ou formatadas regionalmente
Montadoras com fábrica no PR não devem ser prejudicadas
As montadoras com fábricas em Curitiba e região metropolitana não devem ser afetadas pelo aumento de 30 pontos porcentuais no IPI. Para os modelos fabricados no país, o prazo para eventual início da cobrança do aumento é de 45 dias, e não 60, como foi informado anteontem pelo ministro da Fazenda. Esse é o prazo no qual o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior vai verificar se a montadora cumpre os requisitos exigidos pelo governo para livrá-las do aumento.
Opinião
Pobres montadoras
Fernando Jasper, editor-assistente de Economia
A julgar pelo que ministros e lobistas têm dito (às vezes é até difícil distinguir quem é quem), é de dar pena a situação das montadoras instaladas no Brasil, recém-agraciadas por uma nova proteção contra as estrangeiras. Mas o noticiário recente e os números da própria Anfavea, que representa a indústria automobilística nacional, contam história um pouco diferente uma história que o Ministério da Fazenda, sempre tão sensível às lamentações do setor, parece desconhecer.
A Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) vai entrar na Justiça contra a alta do IPI sobre os carros importados, anunciada anteontem pelo Ministério da Fazenda. A chinesa JAC Motors, que planejava uma fábrica para 2014 com investimentos de US$ 600 milhões, considera o projeto inviável diante da alta do IPI.
"Do jeito que está escrito o decreto hoje, o projeto de construção da fábrica é inviável", disse ontem Sergio Habib, presidente da JAC Motors, a marca chinesa que nos últimos meses tem tirado o sono das montadoras brasileiras no segmento de carros populares. Logo em seguida, no entanto, o executivo acrescentou que acredita que o governo vai mudar de ideia em relação à alta do IPI. No entanto, segundo nota divulgada pela empresa no fim da tarde de ontem, "todos os planos da JAC Motors para a construção de uma fábrica de automóveis no Brasil, que englobam o investimento de R$ 900 milhões, permanecem inalterados".
A reação do executivo da JAC foi pressentida pelo ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge. "Eu, se fosse presidente de uma montadora que estava para entrar no país, reveria minha posição", disse Jorge, que considerou o aumento do IPI estranho e desnecessário. "Acredito que a indústria brasileira não precisa disso. A parcela dos veículos importados nas vendas no país é pequena", afirmou, ressaltando que a maioria dos veículos importados vendidos no país vem do Mercosul e do México, com os quais o Brasil possui acordos.
Na análise da especialista do setor automotivo do Insper Letícia Costa, o segmento mais afetado será o do importado popular, porque o consumidor que compra esse veículo é mais sensível a aumentos de preço. Com a nova tributação, o IPI sobre os carros 1.0 salta de 7% para 37%.
O professor de Economia da PUCPR Fábio Araújo explica que o problema de as montadoras serem beneficiadas com a taxação dos importados é a perda de competição no mercado automotivo. "A competição com os importados tem feito com que as empresas oferecessem mais adicionais para os consumidores ou desconto no preço. O aumento do IPI para os importados vai ser bom para elevar a produção brasileira, gerando emprego e renda, mas por outro lado será ruim para os consumidores", salienta.
AnáliseRetaliação pode vir nas commodities
O Brasil aumentou o IPI sobre os carros importados por não ser possível elevar ainda mais a taxação sobre os importados, que já estaria no limite, para o consultor do setor automotivo David Wong, da Kaiser Associates. "O Brasil corre o risco de sofrer um processo na OMC porque está criando um imposto discriminatório e, caso perca o processo, pode ser retaliado em qualquer área, inclusive nas commodities, ponto forte das exportações brasileiras", avalia o consultor. Pelas regras da OMC, após de ter pago o imposto de importação e ter entrado pela alfândega brasileira, o produto não pode ser sobretaxado.
Economistas veem o aumento do IPI como mais um passo em direção a uma guerra comercial entre países. "Com as economias em desaceleração, esse risco de guerra do comércio aumentou. Estamos progredindo de uma guerra cambial para uma comercial", afirma o estrategista para mercados emergentes da consultoria MF Global, Michael Roche.
"Os coreanos estão reclamando do Japão; o Brasil, a Europa e os Estados Unidos estão reclamando da China; e todos os países estão querendo neste momento promover suas exportações", acrescenta Roche. "Infelizmente, isso nos leva, sim, a um tipo de guerra comercial e será notado por nossos parceiros comerciais", acredita o chefe de Pesquisa de Mercados Emergentes para as Américas da Nomura Securities, Tony Volpon.
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Interatividade:
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