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PROTESTOS

Bloqueios prejudicam transporte de cargas e agronegócio

Manifestação de caminhoneiros na PR-280, em Palmas, no Paraná. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Manifestação de caminhoneiros na PR-280, em Palmas, no Paraná. (Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo)

Os protestos promovidos por transportadores e caminhoneiros contra os baixos preços de frete e os custos com combustíveis prejudicam o transporte de cargas e o escoamento de produtos do agronegócio em diversos Estados brasileiros nesta segunda-feira (23).

Na Fernão Dias (BR-381), principal ligação entre Belo Horizonte e São Paulo, há pelo menos quatro pontos com bloqueios em Minas e longas filas de caminhões, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a concessionária da rodovia.

Já os bloqueios na BR-163, principal rodovia de Mato Grosso, maior produtor brasileiro de grãos, entraram no sexto dia nesta segunda-feira, com interrupções em cinco trechos, preocupando agricultores do norte do Estado, que temem ficar sem diesel para as máquinas que realizam a colheita de soja.

Desde o início da manhã há interrupções para o trânsito de caminhões na BR-163 em Cuiabá, Rondonópolis, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e Sorriso, com formação de filas de três quilômetros em alguns pontos, informou a concessionária Rota do Oeste.

Também há registros de paralisações em estradas federais no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso do Sul, segundo a PRF.

No Paraná, no fim da manhã havia pelo menos 18 pontos interditados nas rodovias estaduais. A BR-277, próximo a Guarapuava, também chegou a ser fechada e foi liberada durante a manhã.

Reflexos para o agronegócio

Produtores de aves e suínos estão enfrentando dificuldades no abastecimento de insumos e liberação de cargas perecíveis em meio aos vários piquetes armados por frentes sindicais de caminhoneiros, disse nesta segunda-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

A associação disse que os protestos afetam regiões produtoras de aves e suínos, no Sudeste e no Sul, e podem comprometer também o transporte e a exportação de produtos. O Brasil é o maior exportador de carne de frango.

Em Mato Grosso, a BR-163 é responsável pelo escoamento de 70% da safra de grãos do estado, principal produtor de soja do país, e também é a única rota de chegada de insumos para muitos municípios no norte e médio-norte mato-grossense.

As manifestações ocorrem em um período em que os trabalhos de colheita estão intensos, preocupando compradores e agricultores.

Em alguns municípios pequenos, como Vera, já há registros de falta de óleo diesel para abastecer propriedades rurais, relatou o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) para a região norte de Mato Grosso, Silvésio de Oliveira.

“A preocupação existe, por conta do desabastecimento. Ainda não é uma coisa generalizada, mas daqui a pouco começa a faltar óleo diesel. Em alguns municípios mais de fora já há problemas”, disse Oliveira à Reuters.

A colheita de soja em Mato Grosso atingiu até a sexta-feira 25% da área plantada, contra 45% na mesma época do ano passado.

“O que preocupa é o diesel”, disse o produtor de soja Jucelino Dalmolin, que na noite de domingo, mesmo sem a luz do sol, coordenava o trabalho de colheita de suas lavouras em Sinop, recuperando o atraso causado por chuvas recentes na região.

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