O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, admitiu nesta sexta-feira(24) que a instituição estuda a possibilidade de vir a ajudar as empresas exportadoras brasileiras que tiveram, ou vierem a ter, problemas com operações realizadas em dólar (os chamados derivativos cambiais), e que agora enfrentam dificuldades com a alta da moeda norte-americana decorrente da crise financeira internacional.
Coutinho fez as declarações durante palestra na Câmara Britânica de Comércio, na qual admitiu que o BNDES vem conversando com algumas dessas empresas que foram afetadas com a forte valorização do dólar em relação ao real, depois que se agravou crise financeira mundial.
"São empresas exportadoras brasileiras robustas e de qualidade, que têm meios de encontrar solução junto ao próprio sistema bancário privado, mas que terão, se necessário, o suporte do BNDES de modo que nenhum problema de liquidez inviabilize essas empresas, disse o presidente da instituição.
Ele não detalhou de que forma se dará essa ajuda, limitando-se a afirmar que será em conjunto com outras instituições financeiras. A avaliação será feita caso a caso.
Entre as empresas que tiveram perdas com as operações envolvendo os chamados derivativos cambiais estão a Aracruz, a Sadia e a Votorantim. A primeira a comunicar perdas com tais operações foi a Sadia, cujos prejuízos são de R$ 760 milhões. A Aracruz, maior fabricante de celulose de eucalipto do país, fechou o terceiro trimestre com perda de R$ 1,642 bilhão, depois de registrar lucro líquido de R$ 260,8 milhões no mesmo período de 2007. O prejuízo estimado da Votorantim Celulose e Papel no terceiro trimestre foi de R$ 586 milhões.
No início do mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que as empresas Aracruz e Sadia estavam especulando e que, por isso, tiveram perdas com a valorização do dólar. Essas empresas, no fundo, no fundo, estavam especulando contra a moeda brasileira. Portanto, não tiveram prejuízo. Elas praticaram, por conta própria, por ganância, esse prejuízo. Portanto, não coloque isso na crise não. Isso é problema delas, que tentaram especular de forma pouco recomendada, afirmou o presidente na ocasião.
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