Foi em 2001, com a inauguração da primeira loja em Piracicaba, interior de São Paulo, que a Cacau Show começou uma jornada que levou a empresa a uma expansão vertiginosa. Passados 18 anos, a rede conta com 2.250 franquias no Brasil. Na média é uma nova loja a cada três dias.
Com faturamento de R$ 3,5 bilhões, a rede prevê inaugurar mais 230 unidades no ano que vem e espera crescimento de 15%. Mas Alê Costa, 48, chocolatier e fundador da marca olha mais longe: “Em 2030, vejo a Cacau Show no mundo inteiro”, afirmou à Gazeta do Povo na sexta-feira (4), durante a inauguração da 14ª megastore da rede, em Curitiba.
Além de vender chocolates, a loja conceito conta com outros serviços como lanchonete, cafeteria e laboratório de cursos. Mais uma megastore abrirá em Belo Horizonte até o final de outubro. “O mercado se sofistica, não só o chocolate. Consumidor quer experiência do produto e experiência no consumo”, explica o empresário.
A marca foi uma das primeiras no Brasil a apostar, já na década de 1990, nos chamados chocolates finos - feitos com matérias primas de qualidade, menor teor de açúcar e mais porcentagem de cacau. A ideia do negócio surgiu para suprir uma demanda de chocolate que não fosse commodity, a preço acessível.
A expansão foi rápida desde o começo. Em 2006, Costa inaugurou a primeira fábrica em Itapevi; em 2010, a rede já contava com mais de mil franquias e em 2011 a Cacau Show alcançou R$ 1,2 bilhão em faturamento. “A gente foi um catalisador do mercado. No passado, os chocolates finos eram um produto muito focado na classe A, com tíquete médio muito alto”, afirma o empresário.
O “Bill Gates do chocolate”, como foi definido pelo pâtissier francês Fabrice Lenud, é dono também de três fazendas de cacau no Espírito Santo, de onde vem parte da matéria prima que abastece as cinco fábricas da Cacau Show – duas em Itapevi (SP), Campos do Jordão (SP), São Paulo (SP) e Curitiba (PR). O restante vem de moageiras que beneficiam cacau da Bahia, do Pará e de outros países, como Gana e Costa do Marfim, na África. O empresário disse não saber qual porcentagem do chocolate usado pela Cacau Show é importado.
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Segundo Costa, é a economia de escala a permitir uma produção que usa ingredientes de qualidade. “Estamos colocando matérias primas melhores, percentuais [de cacau] melhores, tecnologia, e envelopando tudo isso com arte”, explica Costa. “A conta fecha com volume. Nós fabricamos 3 mil trufas por minuto, é muita tecnologia” afirma.
A produção é de 22 milhões de quilos de chocolate por ano, equivalente a cerca de 60 toneladas por dia. Para dar conta do recado, Costa cita os investimentos em tecnologia, como no caso de uma máquina para a produção de ovos de Páscoa que foi desenvolvida na Suíça e patenteada pela Cacau Show. “Na América do Sul, só nós podemos ter esse equipamento e, se vender para outros lugares, a gente ganha royalties” diz.
Ao longo de quase duas décadas mudou também o paladar do cliente. A procura de chocolate amargo, que era incipiente dois anos atrás, está crescendo e “quase chegando em dois dígitos”. “Há uma tendência do consumidor a ir para chocolates mais intensos, acima de 50%, 60%,70% de teor de cacau”, avalia Costa. Se depender do chocolate amargo, o futuro da empresa vai ser doce.