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Projeto inaugurado pelo ditador chinês Xi Jinping pode ter um custo geopolítico alto para os aliados dos EUA.
Projeto inaugurado pelo ditador chinês Xi Jinping pode ter um custo geopolítico alto para os aliados dos EUA.| Foto: Sergei Bobylev/EFE/EPA

Inaugurado na quinta-feira (14), o megaporto de Chancay, no Peru, representa mais um passo na estratégia chinesa de aumentar sua influência na América Latina.

Situado a 80 quilômetros de Lima, o projeto recebeu investimentos de R$ 19,1 bilhões da estatal Cosco (uma das maiores operadoras de transporte marítimo do mundo) e integra a chamada “Nova Rota da Seda” – cujo objetivo é conectar todos os continentes por meio de iniciativas de infraestrutura.

A estimativa dos chineses é receber um milhão de contêiners ainda no primeiro ano de atividade (o porto é capaz de acomodar navios cargueiros com até 24 mil contentores). Já o governo do Peru espera que a operação torne o país uma espécie de Singapura do continente a longo prazo.

A posição estratégica de Chancay, cuja construção começou em 2021, também influencia diretamente a economia do Brasil, que ganha uma nova rota para exportações. Produtos nacionais terão um caminho mais curto para os mercados asiáticos, o que pode fortalecer a competitividade principalmente do agronegócio brasileiro.

Mas essa redução de rota e de custos pode ter um custo geopolítico alto. Autoridades dos Estados Unidos têm alertado para o risco de o governo da China usar o porto como base para navios militares, comprometendo a segurança no Pacífico.

Em uma entrevista ao jornal The Washington Post, a general do exército americano Laura Richard, ex-chefe do Comando Sul, chamou a atenção para o fato de que os 15 acoradouros construídos em Chancay têm capacidade para receber os maiores navios do mundo, incluindo embarcações de combate.

O governo chinês, no entanto, nega qualquer intenção nesse sentido. Segundo um porta-voz de Pequim, a obra “não é uma ferramenta de competição geopolítica”.

Durante a inaguração, o ditador chinês Xi Jinping destacou a inovação do projeto (trata-se do primeiro porto inteligente da região) e os potenciais avanços econômicos que a operação trará ao Peru.

“A conclusão do Porto de Chancay permitirá que o Peru estabeleça uma rede de conectividade multidimensional, diversificada e eficiente, abrangendo da costa ao interior, do Peru à América Latina e mais adiante ao Caribe”, afirmou.

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