A entrada de dólares no país pelo segmento financeiro bateu recorde na parcial de setembro deste ano, até dia 24, ao somar US$ 14,45 bilhões, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (29) pelo Banco Central. Esse ingresso de divisas, que não considera as operações da balança comercial, é o maior da série histórica do BC, que tem início em janeiro de 1982.
O volume de ingresso de dólares no segmento financeiro, em setembro, também representa mais de três vezes a entrada registrada entre janeiro e agosto deste ano - que somou US$ 4,84 bilhões de acordo com dados da autoridade monetária.
A entrada de dólares na economia brasileira acontece no mesmo mês do processo de capitalização da Petrobras, na qual houve a participação de investidores estrangeiros. De acordo com analistas, a entrada de recursos pode acentuar a alta do real frente ao dólar.
Com balança comercial
Se as operações da balança comercial forem incluídas na conta, o fluxo cambial ficou positivo em setembro, também na parcial até o dia 24 deste mês, em US$ 11,87 bilhões. Esse valor considera o fluxo financeiro positivo de US$ 14,45 bilhões, influenciado pela Petrobras, e o movimento negativo de US$ 2,58 bilhões das operações da balança comercial (fechamento de contratos de exportação de US$ 11,12 bilhões e de US$ 13,71 bilhões em contratos de importação).
Esse é o maior valor desde outubro de 2009, quando houve a abertura de capital do Santander. Naquele mês, houve a entrada de US$ 13,1 bilhões pelo segmento financeiro e o movimento positivo (ao contrário de setembro deste ano) de US$ 1,49 bilhão como resultado das operações da balança comercial brasileira. Ao todo, US$ 14,59 bilhões entraram no país em outubro do ano passado.
Compras do BC
Para tentar evitar uma queda mais acentuada da cotação da moeda norte-americana devido à forte entrada de divisas, e um prejuízo maior para os exportadores brasileiros (visto que as vendas para o exterior ficam mais caras com dólar barato), o BC tem feito compras de dólares no mercado à vista.
Neste mês, até o dia 22, o BC informou que foram adquiridos US$ 9,43 bilhões pela autoridade monetária. As compras de dólares feitas pelo BC vão para as reservas internacionais brasileiras, atualmente acima de US$ 273 bilhões, patamar que é novo recorde histórico. Apesar de fornecer tranquilidade frente a eventuais turbulências externas, o alto volume de reservas tem um custo alto.
Cada vez que o governo compra divisas, paga em real e, com isso, aumenta a dívida interna. Ao mesmo tempo, também tem de pagar mais juros, uma vez que as taxas oferecidas no mercado interno são mais altas do que no exterior.
IOF para estrangeiro
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou nesta terça-feira (28) que o governo considere elevar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para investimentos de estrangeiros em bolsas de valores e renda fixa "neste momento", a exemplo do que foi feito em 2009, para impedir o forte ingresso de divisas na economia brasileira.
"Não tem nenhuma alteração de IOF neste momento. Depois das eleições, não sei (...) Não descarto nenhum mecanismo, mas não há a iminência da utilizacão de nenhum neste momento", disse Mantega a jornalistas na ocasião.
Além do IOF e das compras de dólar pelo BC, outras armas do arsenal do governo para conter a queda do dólar são as aquisições de divisas efetuadas pelo Tesouro Nacional (para fazer frente aos vencimentos da dívida externa brasileira) e as compras que podem ser feitas via fundo soberano.
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