Ouça este conteúdo
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou nesta quarta-feira (29) a taxa básica de juros da economia em 1 ponto percentual. Com isso, a Selic passou de 12,25% para 13,25% ao ano. A decisão foi por unanimidade.
A reunião desta tarde foi a primeira comandada por Gabriel Galípolo e a nova diretoria da autarquia. Na última reunião de 2024, o BC elevou a Selic em 1 ponto percentual e alertou para duas altas consecutivas da mesma magnitude.
O resultado era esperado pelo mercado financeiro, que mantém a pressão inflacionária no radar. Segundo o boletim Focus, os analistas elevaram a expectativa de inflação neste ano para 5,5%, acima do teto da meta fiscal do governo, de 4,5%.
Em nota, o Copom afirmou que a elevação da Selic "é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante".
O comitê destacou que, "sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego".
Caso o cenário cenário adverso para a convergência da inflação permaneça, o Copom antevê um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião, marcada para março. Segundo o colegiado, a magnitude total do ciclo de aperto monetário para as próximas reuniões "dependerá da evolução da dinâmica da inflação".
O Copom disse que segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros.
"A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes", diz a nota da autoridade monetária.
Copom aponta incertezas no cenário externo
O cenário externo também preocupa após a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu impor tarifas comerciais contra diversos países, o que poderia atingir o Brasil.
O Copom afirmou que o "ambiente externo permanece desafiador em função, principalmente, da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, o que suscita mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed".
Apesar do anúncio da taxação, o republicano não concretizou ainda as medidas. Com isso, o dólar vem operando em queda no Brasil nas últimas sessões. Nesta tarde, o dólar comercial fechou em leve queda de 0,06%, cotado a R$ 5,866 na venda. A moeda americana chegou a R$ 5,888 na máxima da sessão e bateu R$ 5,843 na mínima.
Além disso, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, interrompeu o ciclo de cortes e manteve a taxa básica de juros inalterada no intervalo de 4,25% a 4,50%. A decisão unânime foi anunciada nesta quarta (29) em meio a incertezas com a política econômica dos EUA.
Na semana passada, Trump pressionou o Fed para baixar os juros. “Com os preços do petróleo caindo, exigirei que as taxas de juros caiam imediatamente e, da mesma forma, elas deveriam cair em todo o mundo”, disse Trump durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.