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GREVE DOS CAMINHONEIROS

Crise se agrava no leite e atinge aves

Sem transporte para chegar aos alojamentos, animais são descartados com um dia. | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
Sem transporte para chegar aos alojamentos, animais são descartados com um dia. (Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo)

Sem transporte para escoar a produção, o agronegócio registrou ontem agravamento da crise provocada pela greve dos caminhoneiros em todo o Paraná. Milhões de litros de leite foram jogados fora – em um desperdício crescente que passou a provocar revolta – e pelo menos 1,65 milhões de pintainhos tiveram de ser descartados – causando preocupação sanitária ante o mercado internacional. Só nessas duas cadeias produtivas, as perdas passam de R$ 10 milhões ao dia.

Os produtores estão jogando fora o leite pela suspensão da coleta de indústrias que estão com câmaras frias abarrotadas. A estimativa é que metade da produção diária estadual, de 12 milhões de litros, esteja sem transporte. Perdas de R$ 6 milhões ao dia concentram-se nas regiões Oeste e Sudoeste. Inconformados, os produtores estão postando vídeos na internet em que mostram o descarte do alimento.

Fornecedores do programa estadual Leite das Crianças – que distribui leite gratuitamente a famílias carentes – suspenderam entregas em Arapongas (Norte) e Iretama (Centro-Oeste), por exemplo. O governo do estado informa que a distribuição foi afetada. Nesta quinta-feira, nova avaliação sobre os prejuízos deve ser divulgada.

As perdas da avicultura, que a partir de hoje devem ultrapassar as do leite, concentram-se no Sudoeste, no Oeste e no Norte do estado. Só na região de Toledo, 900 mil pintainhos foram descartados nos últimos dois dias, afirma o presidente da Associação dos Avicultores do Oeste, Luiz Ari Bernartt. Para o descarte, as indústrias fazem a incineração dos animais, relata. Se a greve continuar até amanhã, o setor deve paralisar também as chocadeiras, para evitar esse problema.

Trégua

A expectativa é que haja uma trégua na greve. O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, confia que decisões liminares da Justiça vão suspender bloqueios e aliviar o quadro. “Neste momento, 3 milhões de aves do estado têm dieta deficiente e terão crescimento desigual”, acrescenta.

Proprietário da Frango a Gosto, de Arapongas (Norte), Martins suspendeu ontem os abates e contabiliza perda de R$ 100 mil ao dia. Os funcionários foram dispensados e as entregas, adiadas. A Copacol, com sede em Cafelândia (Oeste), interrompeu o abate de uma de suas duas plantas. O segundo frigorífico opera com ociosidade.

A situação se agrava diariamente e dificulta a própria avaliação do impacto da greve dos caminhoneiros no agronegócio, disse o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Se o descarte passar de 10%, o estado terá de se explicar no mercado internacional, apontou. “O mundo passa a desconfiar que estejamos escondendo algum problema sanitário”, justificou.

Esse quadro é improvável e não deve provocar bloqueios comerciais, segundo o presidente do Sindiavipar.

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