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recessão

Desconfiança reduz criação de negócios

Empreender no Brasil está ainda mais arriscado do que sempre foi. E o empresário sabe que o ambiente não está favorável, como demonstra a queda brusca da criação de negócios: no primeiro semestre de 2015, o número de empresas abertas no Brasil foi 14,3% menor que no mesmo período do ano passado, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O resultado é o pior em pelo menos nove anos.

Voltamos ao mesmo nível de geração de negócios de 2007/2008, apesar do crescimento da população no período.

Gilberto Amaral, presidente do conselho superior do IBPT

A categoria dos microempreendedores individuais (MEI) segue em expansão, mas o crescimento de 11,8% observado nos seis primeiros meses deste ano foi inferior ao do mesmo período do ano passado.

A carga tributária já é alta e tudo que se propõe é aumentá-la (...) Quem tem dinheiro aplica em títulos públicos e espera o cenário melhorar.

César Fernandes, professor do Isae.

A retração na abertura de novos negócios tem efeito nocivo para o desenvolvimento do país. Menos empresas significa menor geração de empregos e de riqueza, em um espiral negativo que atrasa ainda mais a recuperação econômica. “Voltamos ao mesmo nível de geração de negócios de 2007/2008, apesar do crescimento da população no período”, observa o presidente do conselho superior do IBPT, Gilberto Amaral, coordenador dos estudos. A projeção para os próximos meses está longe de ser otimista. Dados de agosto demostram uma queda ainda maior que a do primeiro semestre e a expectativa é de fechar o ano com 16% menos empresas criadas do que em 2014.

Para o consultor Eduardo Valério, da J. Valério, vivemos uma “tempestade perfeita”, na qual há uma combinação perversa de retração econômica, desânimo empresarial por falta de perspectiva, altos custos de produção e de capital, redução de linhas de crédito, entre outros fatores. “Esta combinação faz com que a economia fique em compasso de espera, quando não em condições apenas de sobrevivência”, diz.

Incertezas

A incerteza sobre os resultados dos ajustes econômicos do governo, agravada pela crise política, é o maior freio do empreendedorismo no país. Em um cenário incerto, o investidor recua e adia novos projetos. Para o advogado Renato Lana, da Pactum Consultoria, o clima mina a confiança do empresário na capacidade de reação do país. Não há ações efetivas do governo, que precisa ganhar eficiência e promover reformas fiscal, tributária e trabalhista para tornar o ambiente de negócios mais favorável.

Na avaliação do professor César Fernandes, do Instituto Superior de Administração e Economia (Isae/FGV), além de patinar nas decisões emperradas em negociações políticas, as poucas medidas que o governo tem tomado ainda vão na contramão para recuperar a confiança do empresariado.

“A carga tributária já é alta e complexa e tudo que se propõe é aumentá-la”, diz. Para o especialista, a manutenção dos juros altos contribui ainda mais para a estagnação da atividade produtiva porque tira investidores da economia ativa: “Quem tem dinheiro para investir aplica em títulos públicos e espera o cenário melhorar”.

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