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BC estenderá intervenção no câmbio

O Banco Central estenderá para 2015 seu programa de intervenção no câmbio e poderá lançar mão do aumento da oferta de swaps para rolagem de contratos com o objetivo de reduzir a volatilidade atual do mercado, disse à Reuters nesta sexta-feira uma importante fonte da equipe econômica. Até o fim de dezembro, o programa de ração diária no mercado de câmbio deve ser mantido nas mesmas condições atuais, afirmou a fonte, que falou sob condição de anonimato.

Os moldes de como será o programa no ano que vem ainda estão em análise, mas o entendimento é que o fim da intervenção reduziria a liquidez no mercado no momento em que há grande expectativa sobre quando o Federal Reserve, banco central norte-americano, elevará o juro nos Estados Unidos, reduzindo o fluxo de capitais para países emergentes como o Brasil.

O BC iniciou em agosto do ano passado seu programa de intervenção no câmbio, diante das incertezas sobre o futuro do programa de estímulos do Fed. Atualmente, a autoridade monetária brasileira oferece diariamente até 4 mil contratos de swaps, que equivalem à venda futura de dólares. A fonte disse esperar que o mercado de câmbio fique mais volátil diante da proximidade das eleições presidenciais no Brasil em outubro, além das incertezas no front externo envolvendo o Fed.

O dólar fechou esta sexta-feira (12) com a maior alta ante o real em quase dez meses, após pesquisa mostrar empate técnico da presidente Dilma Rousseff (PT) com Marina Silva (PSB) num segundo turno das eleições presidenciais. Agentes do mercado avaliaram que o resultado da sondagem CNI/Ibope divulgada nesta manhã jogou um balde de água fria no otimismo do mercado sobre uma vitória da oposição.

A divisa chegou a subir mais de 2% e encostar em R$ 2,35 durante a sessão, mas o movimento perdeu força na última hora do pregão. Isso porque investidores passaram a se posicionar para um possível anúncio de uma atuação mais forte do Banco Central para combater a volatilidade do câmbio e potenciais impactos sobre a inflação provocados pelo encarecimento de importados.

A moeda norte-americana subiu 1,65%, a R$ 2,3351 na venda, após atingir R$ 2,3475 na máxima do dia. Na semana, o dólar apreciou-se 4,26%, maior valorização semanal em um ano. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,3 bilhão de dólares. Segundo levantamento do CNI/Ibope, Marina tem 43% das intenções de voto num eventual segundo turno, contra 42% da presidente, que tem sido alvo de críticas nos mercados financeiros pela condução da atual política econômica.

A valorização desta sessão refletiu ainda expectativas de que o Federal Reserve, banco central dos EUA, sinalize em sua reunião na semana que vem que os juros podem subir mais cedo do que o esperado na maior economia do mundo, o que atrairia recursos atualmente aplicados em outros mercados. "Hoje (sexta), juntou a fome com a vontade de comer e o dólar disparou aqui e lá fora", afirmou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mario Battistel, que acredita que o BC deve aumentar a oferta de swaps cambiais para rolagem na segunda-feira para "sondar" o mercado.

Os rendimentos dos Treasuries têm subido desde o início desta semana, quando o Fed de San Francisco divulgou estudo mostrando que o banco central projeta um aperto monetário mais rápido e mais antecipado do que o mercado precifica.

Essa ansiedade tem ganhado força à medida que se aproxima a reunião da semana que vem do Fed, uma das mais cruciais do ano, quando deverá debater um plano para endurecer sua política monetária. "Se essas pesquisas continuarem mostrando mais chance de reeleição da Dilma e o cenário externo continuar negativo, não dá para saber onde o dólar vai parar", afirmou o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.

Contribuiu ainda para a valorização declarações feitas na véspera pelo assessor econômico do programa da candidata do PSB à Presidência Alexandre Rands à Reuters. Segundo ele, um eventual governo de Marina Silva acabaria com o atual programa de intervenções diárias do BC, o que levou o dólar a fechar em alta na véspera e ajudava a manter o movimento nesta sessão.

Pela manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas rações diárias, com volume correspondente a 197,7 milhões de dólares. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de junho e 3 mil para 1º de setembro de 2015. O BC também vendeu a oferta total de até 6 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 1º de outubro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 22 por cento do lote total, equivalente a 6,677 bilhões de dólares.

Ibovespa se ajusta a quadro eleitoral incerto e já acumula queda de 7% no mês

O principal índice da Bovespa caiu abaixo de 57 mil pontos pela primeira vez desde agosto nesta sexta-feira (12), completando a segunda semana de perdas, reflexo de ajustes de posições a um cenário mais disputado na corrida eleitoral, no último pregão antes do vencimento dos contratos de opções. A queda nos índices acionários e a alta no rendimento dos Treasuries em Wall Street, em meio a expectativas de um tom mais rigoroso do Fed sobre juros na próxima semana, além do receio após novas sanções à Rússia, corroboraram o viés negativo.

O Ibovespa encerrou em queda de 2,42%, a 56.927 pontos, menor patamar de fechamento desde 14 de agosto. O volume financeiro do pregão somou R$ 9,8 bilhões. "O cenário eleitoral agora mais incerto fez o mercado piorar bastante", escreveu o BTG Pactual em nota a clientes.

Metodologia

O Ibope ouviu 2.002 pessoas, em 142 cidades, entre os dias 5 e 8 de setembro. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-00593/2014

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