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Nesta quinta-feira (4), o dólar comercial abriu o pregão a R$ 5,49, apresentou uma leve alta e, em seguida, desabou para R$ 5,47. A queda é vista como um reflexo da promessa de corte de gastos feita pelo governo Lula na quarta-feira (3).
Ontem, após reunião com o presidente Lula (PT), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o petista mandou cumprir o arcabouço fiscal e autorizou corte de R$ 25,9 bilhões nos gastos do governo.
Além de Haddad e Lula, participaram da reunião Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Esther Dweck (Gestão em Serviços Públicos), Rui Costa (Casa Civil) e o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan.
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O encontro foi convocado após Lula se dizer preocupado com a escalada do dólar e afirmar que há um “jogo de interesse especulativo contra o real”.
A moeda americana chegou a bater quase os R$ 5,70 na quarta-feira (3) após uma entrevista em que Lula voltou a criticar a atuação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Nos últimos dias, o dólar apresentou diversos movimentos de alta, sempre após críticas de Lula ao corte de gastos e à condução da política monetária do BC.
Contrariando a tese do petista de “especulação contra o real”, um estudo baseado em um modelo econométrico, criado pelo economista Lívio Ribeiro, mostrou que 90% da dinâmica da depreciação do real em relação ao dólar no primeiro semestre deste ano está ligada a causas domésticas.
Questionado sobre o impacto do aumento da pressão fiscal no comportamento do câmbio, Ribeiro disse que, atualmente, a questão fiscal é apenas “pano de fundo” para o que está ocorrendo.
De acordo com análise do economista, “sem a comunicação exacerbada do Executivo, o efeito sobre os ativos seria menor”.
Segundo dados do Banco Central (BC), do início do ano até a terça-feira (2), a taxa de câmbio se enfraqueceu cerca de 14,6% frente ao dólar.