O diretor de Finanças da Associação dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Roberto Vertamatti, disse nesta sexta-feira (31) que a economia brasileira ainda tem espaço para o crescimento do volume de crédito. Ele ressaltou, no entanto, que, com a crise econômica global, criou-se um novo cenário no qual os bancos já começam a restringir ou analisar melhor para quem darão o crédito.
Não vou dizer que não tem crédito, mas o crescimento que era previsto no volume para o próximo ano já não vi acontecer. Os bancos estão falando em crescimento de 8% a 10% no ano que vem. Diante da crise, o que está acontecendo é a retração, afirmou.
Para o consumidor e a população em geral, as restrições deverão ser as mesmas. A compra de uma geladeira, um fogão, ou uma máquina de lavar, por exemplo, que antes poderia ser parcelada em até 36 vezes, começa a ter o número de parcelas diminuído. E há também o aumento da taxa de juros. Ainda que o governo tenha decidido não aumentar a taxa de juros, os bancos já estão falando em aumentá-la. Sem falar no cheque especial e cartão de crédito, que devem ficar muito mais altos.
Segundo Vertamatti, a tendência é que esse cenário se agrave no primeiro semestre do ano que vem. Para ele, nem o Natal deste ano será como as previsões apontavam, mesmo que haja crescimento em relação s vendas no ano passado. Ele disse que o processo que se iniciou neste ano não tem volta. Isso é um novo ajustamento da economia.
Entretanto, Vertamatti ressaltou que o país está preparado para enfrentar uma crise como essa, mas poderia estar melhor se tivesse realizado as reformas previstas (tributária e da Previdência), porque, no momento atual, será mais difícil dar andamento a elas.
O presidente do Santander, Fábio Barbosa, afirmou que os bancos estão tentando colaborar para promover o aumento de crédito no mercado, com compra de carteiras de bancos de menor porte, mas ressaltou que há dificuldades para isso, porque é necessário um trabalho de avaliação tanto das carteiras quanto da compatibilização dos sistemas.
Por esse motivo, os bancos não teriam usado ainda todo o recurso liberado pelo Banco Central para tais operações. Não é fácil pegar uma carteira de recebíveis de automóveis ou de empréstimos consignados e, a partir daí, ter um sistema capaz de lê-lo e colocar dentro do seu sistema operacional. De acordo com Barbosa, os bancos continuarão com a atitude de colaboração que têm tido.
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