O redução da nota de classificação de risco do Brasil pela Standard & Poors (S&P) pode ter um efeito em cascata. Há maior chance, a partir de agora, que outras agências, como Fitch e Moody´s, também revisem para baixo suas notas nos próximos meses e o movimento pode chegar até empresas brasileiras, como estatais e bancos. A S&P já anunciou que empresas brasileiras poderão ter suas avaliações revisadas para baixo nos próximos dias. A agência já rebaixou a avaliação de títulos emitidos pela Petrobras e Eletrobras.
O efeito do corte do rating pode atingir empresas na captação de recursos no exterior, já que investidores demandarão uma taxa de juros mais elevada dado o risco maior, segundo Lenon Borges, analista da corretora Ativa.
No caso da Petrobras especificamente, o efeito é pequeno, uma vez que a companhia já realizou duas grandes captações no exterior em 2014 e não deve precisar recorrer mais a esse mercado este ano.
"Com relação a Eletrobras, não há uma indicação de que a empresa vá captar recursos no exterior este ano, mas caso a empresa recorra a esse mercado, certamente terá que pagar mais caro para isso, o que pode comprometer a já combalida situação financeira da estatal do setor elétrico", diz Borges.
A nota BBB-, atribuída pela S&P, significa que há um risco de 5% do Brasil não honrar seus compromissos. Trata-se da última etapa antes de perder o grau de investimento, conquistado em abril de 2008. A agência, no entanto, apontou para uma tendência estável para a próxima avaliação, que só deve ocorrer a partir de 2015.
Por sua vez, a Fitch atribui nota BBB e a Moody´s concede nota Baa2 ao Brasil, em ambos os casos a penúltima etapa antes do grau de investimento. A Fitch deve anunciar uma nova análise sobre o Brasil ainda esse ano.
Grau de investimento
Curiosamente, a situação das contas públicas vem piorando desde que o Brasil conquistou o grau de investimento. Por trás do rebaixamento da nota há um conjunto de indicadores técnicos que tiveram deterioração expressiva desde 2009. No ano passado, o Brasil fechou, por exemplo, com o pior superávit primário economia que o governo faz para pagar os juros da sua dívida desde 2009, com 1,9% sobre o Produto Interno Bruto (PIB) ou R$ 91 bilhões. Em 2009, ele estava em 2,06% do PIB.