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Regulação

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A discussão sobre o uso de termos em outras línguas na publicidade voltou à tona nesta semana no Paraná. No apagar das luzes para o recesso da Assembleia Legislativa, os deputados aprovaram um projeto de lei apresentado pelo Executivo que obriga a tradução de palavras estrangeiras em propagandas veiculadas no estado. À espera da sanção do governador, o projeto já provocou gritaria no mercado publicitário, que considera a medida um retrocesso e de aplicação inviável.

"As línguas são vivas. As palavras surgem e desaparecem, e quem manda nisso é o povo. É preciso avisar isso a esses ‘parlapatões’, para usar um exemplo de palavra em desuso. Essa lei é ideologia barata aplicada à cultura", diz o presidente do Clube de Criação do Paraná (CCPR), Marcos Pamplona. "Eu gosto da língua portuguesa e acredito que ela tem de ser valorizada. Mas, tenho medo de gente que quer legislar sobre a nossa voz."

Pamplona reconhece que há abusos em alguns casos, mas não vê na lei uma forma de evitá-los. Para o publicitário, é preciso promover a discussão entre as pessoas para que se valorize mais a cultura local. "Quanto mais frágil é uma cultura, mais ela assimila comportamentos externos. Os franceses evitam os estrangeirismos porque isso está na cabeça das pessoas, não em uma lei."

O presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Paraná (Sinapro), Kal Gelbecke, reforça o coro: diz que a lei é ruim e de aplicação extremamente complicada, principalmente se não tiver uma regulamentação muito bem feita. Gelbecke aponta ainda para o custo financeiro de uma medida como essa. "O governo faz leis para estimular o pequeno empresário e, ao mesmo tempo, cria um projeto como esse que só vai criar despesas. Os grandes anunciantes terão que fazer adaptações de anúncios para o estado", diz. "Mas os pequenos também serão prejudicados. O governo vai multar um dono de carrinho de cachorro-quente que tem ‘hot dog’ na sua marca?"

Para o presidente do Sinapro, a medida pode provocar a saída de anunciantes do mercado paranaense por não estarem dispostos a arcar com os custos de traduções ou adaptações específicas para veiculação regional. O diretor de criação da agência Getz, Ricardo Mercer, também vê prejuízos para o mercado local. "Estamos lutando para aumentar nossa competitividade, buscando clientes de fora do estado, e isso se torna um grande empecilho."

Bom senso

Mercer diz que o uso ou não de palavras estrangeiras é uma questão de bom senso, e que há uma preocupação por parte das agências em usar palavras que sejam compreendidas pelo público. "Do contrário, o maior prejudicado seria o próprio anunciante", diz Gelbecke, do Sinapro.

Para o vice-presidente de planejamento e atendimento da Master Comunicação, Marcelo Romaniewicz, a medida vai na contramão da tendência mundial já que o inglês, em especial, está presente em qualquer atividade das pessoas. O publicitário questiona ainda o porquê de limitar a lei apenas à publicidade. "Para ser coerente, uma medida como essa deveria valer para tudo: manuais de produtos, sites, jornais, publicações do próprio governo. Se não, soa como demagogia."

Valorização

Segundo o governo do estado, a medida tem como objetivo o reconhecimento e a valorização da "língua pátria", além de facilitar a compreensão da população que não domina outros idiomas. De acordo com o projeto, a tradução deve ter o mesmo tamanho da palavra em língua estrangeira. Quem descumprir a lei será multado em R$ 5 mil.

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