Uma bancada para aulas ao ar livre, uma cadeira para ser vendida pela web, um lacre seguro para recipientes químicos, um novo mobiliário infantil ou uma luva divertida que disfarça a seringa anestésica do dentista: os projetos do Programa Paraná Inovador pelo Design começam a entrar no mercado e agregar valor a itens de prateleira. São 53 produtos finalizados, resultado de dois anos de um trabalho de sensibilização de pequenos e médios empresários em rodadas de oficinas e workshops promovidos pelo Centro Brasil Design (CBD) desde 2012.
A iniciativa, bancada pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior com recursos do Fundo Paraná, tem como objetivo promover a inovação na economia paranaense por meio do tripé academia, mercado e órgão público. “Essa fórmula é definitiva para alcançar a inovação necessária a fim de estimular o crescimento econômico”, aponta o coordenador da unidade gestora do Fundo Paraná, Luiz Cézar Kawano.
Novas iniciativas reforçam ecossistema de inovação
Grandes empresas, universidades e poder público estabelecem parcerias para fazer do Paraná um celeiro de startups
Leia a matéria completaA primeira edição do programa ainda está em fase de fechamento e análise dos resultados, considerados bastante positivos até agora. Para o futuro, serão feitos ajustes já discutidos durante a execução do Paraná Inovador pelo Design, como a inclusão de estudantes dos cursos de Design das universidades estaduais do Paraná. “Isso vai ampliar ainda mais a integração entre as três esferas”, diz Kawano.
Pé na estrada
Com R$ 1,3 milhão para investimentos ao longo de três anos de trabalho, o CBD percorreu 14 cidades paranaenses para identificar oportunidades de inovação e empresas dispostas a investir na cultura do design e desenvolver novos produtos, serviços e processos. A mobilização incluiu visitas a empresas, realização de palestras e eventos para a divulgação dos resultados alcançados por quem investe na profissionalização da produção. Das 557 impactadas pelo programa, 143 chegaram ao diagnóstico de prática do design em seus processos. E 53 formalizaram a adesão. “O empresário que participou teve uma consultoria completa sobre suas necessidades e como suas ideias inovadoras poderiam sair do papel e serem aplicadas”, explica a coordenadora de projetos do CBD, Claudia Ishikawa.
A avaliação preliminar da ideia de cada empresa foi feita pelos profissionais do centro, na consultoria inicial sobre a cultura e prática do design. Assim, o empresário pôde ter as orientações necessárias para desenhar o esboço do projeto, além de noções de orçamento e prazos para execução, reduzindo os riscos do investimento. “Todo novo projeto tem um risco embutido, que a consultoria inicial procurava minimizar. Cada um assinou um termo de compromisso para a contratação de um escritório especializado para o desenvolvimento das ideias inovadoras, o que garantia a profissionalização proposta pelo programa”, explica Cláudia.
A partir da contratação do escritório, o núcleo do CBD mantinha o acompanhamento do projeto. Na avaliação dela, o resultado de 53 empresas fecha com a meta estabelecida no início do trabalho.
Da cópia à patente
Com 24 anos de atividade, a Incapack, empresa de embalagens plásticas sopradas de Curitiba, com 120 funcionários e produção de 50 toneladas de produtos por mês, desenvolveu a cultura do design ao longo da sua trajetória.
Da cópia do modelo trazido pelo cliente ao desenvolvimento de exemplares próprios, a fábrica de frascos para a indústria química, cosmética, farmacêutica e laboratorial chegou a um produto inovador durante a participação do programa coordenado pelo Centro Brasil Design.
“Entendo a importância do design e seus resultados na nossa produção. Há 12 anos terceirizamos esse departamento e recentemente criamos um núcleo interno”, explica o empresário Ivo Kracker.
Durante o programa, a Incapack desenvolveu a Top Seal, um sistema de lacre que aprimora o funcionamento do modelo catraca e dá mais confiança no uso pelo consumidor final. O projeto está patenteado mas ainda não foi viabilizado para produção por um dos maiores clientes da empresa. A experiência deu a base para o desenvolvimento de uma segunda versão, mais barata e que entrou no portfólio da Incapack. “Trabalhamos com dois conceitos diferentes, de tampa e lacre, e uso de materiais distintos. O segundo projeto foi muito mais rápido”, conta.
Em média, Kracker aplica menos de 1% do faturamento da empresa em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos produtos e processos. “Não temos como expandir sem inovações proporcionadas pelo design. É o que nos abastece de novos materiais para participar de feiras especializadas e conquistar a clientela”, diz.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião