O produtor rural Frederico D'Avila não sabe o que fazer com as 600 toneladas de trigo que abarrotam os silos da Fazenda Jequitibá do Alto, em Buri, no sudoeste paulista. Quando formou a lavoura, o trigo estava cotado em R$ 750 a tonelada. Com a crise internacional, o preço despencou e ele não acha moinho que pague mais que R$ 430 - para cobrir os custos da produção teria de vender por R$ 600 a tonelada
Como investiu R$ 1,6 milhão desde o ano passado na produtividade da fazenda, deve para o sistema financeiro e tem dificuldade para financiar o plantio de verão. "Ou reduzo a área ou corto a adubação", diz. Contam-se aos milhares os casos como o do produtor de Buri, tanto no interior de São Paulo quanto no norte do Paraná e centro-oeste do País.
A crise internacional derrubou os preços e acabou com a perspectiva de ganho que possibilitaria manter os financiamentos em dia. Com isso, novos créditos tornam-se difíceis e as próximas safras estão em perigo. D'Avila já reduziu em 40% a adubação da soja que acaba de semear e vai cortar em 20% a quantidade de adubo na próxima lavoura do milho. "Estou queimando as reservas do solo.
Produtor de alta tecnologia, com 100% de plantio direto, grande parte das áreas sob pivô de irrigação e silos para 64 mil sacas de grãos, ele só não corre risco de quebrar porque fez reservas em safras anteriores. "Se a crise atual fosse há oito anos, quando não tinha a mesma estrutura, seria obrigado a parar.
Quando D'Avila fez o plantio do trigo, em abril, era impossível prever um quadro tão negativo. "Na época, os custos de produção estavam altos, mas a média de preços também estava lá em cima." Ele também não sabe o que ocorrerá com o milho que cobre mais de 500 hectares - ao todo cultiva 1,4 mil hectares por ano.
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