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Armazenamento

Baterias permitem o uso de energia solar mesmo durante a noite no Reino Unido

 | ANDREW TESTA/NYT

Hartwell, Inglaterra – A bela fazenda de Nicholas Beatty, nos arredores de Hartwell, encontrou uma nova forma de gerar dinheiro. Fileiras de painéis solares acinzentados cobre 10 hectares da propriedade, transformando a luz do sol em eletricidade, enquanto cervos do tamanho de cachorros pulam.

Os painéis, uma forma fácil de ganhar dinheiro alimentando a rede de eletricidade, não são mais tão incomuns nas propriedades rurais do Reino Unido. A novidade dos campos de Beatty é um enorme container de 12 metros de comprimento.

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Em seu interior, armazenadas em prateleiras, cerca de 200 células de íon-lítio que formam uma bateria grande o bastante para armazenar uma parte substancial da eletricidade solar gerada pela fazenda.

A bateria e seu software dão a Beatty uma vantagem em relação a outros produtores. No Reino Unido, o preço da energia varia, muitas vezes de forma considerável, ao longo do dia e dependendo da época do ano, de acordo com a oferta e a procura. Ao armazenar a energia em baterias, Beatty pode fornecer energia à rede quando os preços estão mais altos. “A bateria deixa de enviar energia quando a produção está grande demais, devolvendo quando há pouca energia na rede”, afirmou.

Beatty conta que a bateria custou cerca de 850 mil libras e poderá aumentar seu faturamento anual em até 200 mil libras. Além de ganhar mais com o agendamento da transferência de energia para o sistema, ele planeja entrar em um leilão para se tornar uma fonte reserva de energia, de forma a compensar quedas inesperadas na rede.

Beatty é um dos empreendedores que tenta se adaptar às rápidas mudanças do cenário energético. A iniciativa global para combater a mudança climática está forçando o setor a evoluir. Usinas elétricas de carvão mineral são poluidores e estão sendo fechadas, ao passo que fontes limpas de energia crescem rapidamente.

Embora as fontes de energia renováveis tenham a enorme vantagem de não emitir os gases responsáveis pelo aquecimento global, os operadores das redes de energia têm dificuldades para contar com esse tipo de energia, já que a produção depende do vento ou do sol. Além disso, a energia que produzem é basicamente gratuita, o que força os preços para baixo.

“O uso crescente de fontes renováveis de energia está criando um sistema energético instável”, afirmou David Hill, gestor da Open Energi, uma empresa britânica que ajuda indústrias a pouparem dinheiro por meio da gestão do uso de energia. “Agora, as pessoas encontram benefício na flexibilidade”. As baterias são uma forma de alcançar essa flexibilidade.

Baterias são solução de armazenamento

Em meio a tantas transformações, o Reino Unido e outros países criaram uma série de incentivos para que as empresas que geram energia não deixem a luz acabar. Neil Hutchings, diretor de sistemas energéticos e armazenamento na Anesco, a pequena empresa britânica que forneceu as baterias usadas por Beatty, afirmou que existem 14 formas pelas quais a empresa pode faturar. “O verdadeiro segredo é como encontrar a melhor combinação”, afirmou.

Embora tenha dito que as baterias, que são importadas da China, estejam melhorando a cada dia, a chave está nos controles eletrônicos que permitem que elas reajam quase instantaneamente às necessidades da rede de energia.

Armazenar eletricidade durante algum tempo quando é necessária sempre foi um dos maiores desafios para as fontes renováveis, mas Steve Holliday, antigo executivo-chefe da National Grid, a operadora da rede britânica, afirmou em um evento recente que as baterias podem ter um papel comercial cada vez maior.

“O armazenamento industrial de volumes realmente grandes de energia estará disponível no Reino Unido em breve”, afirmou Holliday durante um seminário organizado pela ONG Energy and Climate Intelligence Unit.

Beatty, de 55 anos, era banqueiro e começou a trabalhar com energias renováveis durante um plano de instalação de turbinas eólicas nos arredores de sua fazenda de 142 hectares, a cerca de 100 ao norte de Londres. Com a ajuda de uma dúzia de amigos e familiares, incluindo o consultor energético James Basden, ele gastou 6,5 milhões de libras para construir a fazenda solar em 2014. Os painéis solares, que geram cerca de 650 mil libras de faturamento ao ano, são teoricamente capazes de iluminar duas mil casas, afirmou Beatty.

Longe da vista, os painéis não afetam a beleza da fazenda, onde um rebanho de gado inglês pasta nos campos com carvalhos que passam dos 1.200 anos de idade.

A casa de pedra do século XVII já foi um chalé de caça da família real e está repleto de lembranças do pedigree transatlântico da família Beatty. Seus avós paternos eram o comandante de um navio de guerra britânico durante a Primeira Guerra Mundial e a filha de Marshall Field, em empreendedor de Chicago.

Beatty conta que seus experimentos com baterias – o da fazenda é o segundo – podem abrir os olhos para futuras oportunidades econômicas. Por exemplo, mais carros elétricos nas ruas exigirão adaptações à rede elétrica para acomodar os picos de energia associados ao carregamento desses veículos.

“Essas baterias vão se tornar muito necessárias no futuro. Acreditamos que esse seja apenas o início do processo”, afirmou.

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