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Cleusa Maria da Silva, fundadora da Sodiê Doces
Cleusa Maria da Silva, fundadora da Sodiê Doces.| Foto: Divulgação

Do corte de cana ao faturamento anual de R$ 290 milhões. Num resumo bastante simplista, ponto A para ponto B, esse é o antes e depois da empresária Cleusa Maria da Silva, idealizadora da Sodiê Doces, marca com mais de 300 lojas espalhadas pelo país (entre unidades próprias e franqueadas) e que há cerca de um mês abriu uma nova fronteira: colocou seu nome numa fachada de Orlando, nos EUA.

A história de sucesso da rede de confeitarias começou quase que por acaso, depois de a própria empresária, então empregada, resistir aos bolos. "Meu patrão tinha uma empresa pequena quando eu comecei a trabalhar como ele, mas ele adoeceu e [logo depois] faleceu. Ali eu me aproximei da esposa dele, que fazia bolos para fora, comecei a ajudar e foi nessa [situação] a [minha] virada", revela Cleusa.

Era 1997, Cleusa tinha 31 anos e um filho de 8, de um relacionamento que havia recém acabado. "Quando eu trabalhava de madrugada, cozinhando, ele ficava debruçado na mesa, dormindo, eu queria que ele tivesse uma vida melhor", recorda a empresária. Além do filho, o caminho do empreendedorismo veio também para tirar a mãe de Cleusa da vida de boia fria, que ela própria compartilhou nos primeiros anos da adolescência.

Cleusa, ao centro, acompanhada da franqueada de Orlando, Paula Sgromo, e do filho e diretor da Sodiê Salgados, Diego Rabaneda. (Foto: Divulgação)
Cleusa, ao centro, acompanhada da franqueada de Orlando, Paula Sgromo, e do filho e diretor da Sodiê Salgados, Diego Rabaneda. (Foto: Divulgação)

Dos 12 aos 16 anos, Cleusa cortou cana com a mãe e os irmãos até a decisão de seguir para São Paulo, atrás de uma vida melhor. A receita chegou quando seus preparos começaram a fazer sucesso, enquanto ela ainda trabalhava com a ex-patroa. Foi então que pediu as contas e usou o dinheiro da rescisão para abrir uma loja de 20 metros quadrados na cidade de Salto (SP), onde morava a mãe, que a partir daquele momento passou a ajudá-la com os doces e não voltou mais para a lida no canavial.

Incentivo do lado de lá do balcão

Dez anos após a abertura do negócio, a Sodiê já havia se espalhado por cidades próximas, como Sorocaba, Americana, Itu e Indaiatuba, e surgiu a sugestão de mais um passo: por que não virar franquia?

A proposta veio de um cliente, que insistia nas boas perspectivas do modelo para o negócio e veio a ser o primeiro franqueado da marca. O "empurrão" deu largada a uma longa lista de empreendimentos, que atualmente colocam a Sodiê no posto de maior rede de franquia de bolos artesanais do país, presente em 13 estados, Distrito Federal e, agora, nos Estados Unidos, com loja aberta na cidade de Orlando, Flórida, no início de outubro.

"Há anos alguns clientes pediam que a gente colocasse a marca lá", conta a empresária, "a gente vai com o nosso portfólio [que conta com mais de 100 variedades de sabores], mas vamos ter entre 10% e 20% do mix de produtos voltados para os americanos, com o sabor deles", revela. A estratégia pretende conquistar o paladar norte-americano. Passado o momento inicial, de sentir o terreno, a ideia é avançar, com mais uma vitrine em Nova York.

Do "ouro branco" às semijoias

A lavoura de cana-de-açúcar também foi o ponto de partida na jornada da mineira Sabrina Nunes. Hoje com 33 anos, a empresária criou a sua marca em 2012, quando começou a montar e vender bijuterias como complemento de renda; sete anos depois, a Francisca Joias é o maior e-commerce de semijoias do país.

"Comprei R$ 50 em matéria-prima: montava e vendia e o que ganhava, reinvestia", lembra a CEO da empresa, que desde muito jovem tirou vantagem do seu perfil empreendedor. Nascida em Itinga, município do norte de Minas, mudou-se para Maracaju, em Mato Grosso do Sul, para trabalhar num canavial, mas seu foco desde o início foi alcançar postos mais altos. Depois de um mês no corte de cana foi admitida como secretária.

A CEO da Francisca Joias, Sabrina Nunes (Foto: Divulgação)
A CEO da Francisca Joias, Sabrina Nunes (Foto: Divulgação)

Alguns anos mais tarde, já formada em Serviço Social, Sabrina conseguiu uma bolsa de estudos para cursar engenharia no Rio de Janeiro. Mudou-se mais uma vez de cidade, conseguiu trabalho em um escritório e buscou algo que lhe garantisse ganhos extras. Aquela atividade complementar - que ganhou o nome da avó da então estudante universitária - hoje tem 600 revendedoras em diversos estados brasileiros e deve faturar R$ 6 milhões até o final de 2019.

Como estratégia para a empreitada, nascida da necessidade, a empresária sempre apostou no ambiente online, nas redes sociais, e - em parte - atribui a essas ferramentas o alcance da Francisca Joias. Também cabe destaque, segundo ela, para o foco em um modelo construído "de pessoas para pessoas". "Qualquer negócio que queira sobreviver precisa pensar em tecnologia, mas uma coisa é muito importante para quem quer ter sucesso na internet", ensina a empreendedora, "entender que ela é feita de pessoas, que compram de pessoas, que esperam atendimento bom e humanizado", conclui.

Com perspectiva de crescimento de 30% nas vendas na comparação com 2018, o próximo passo do e-commerce é alcançar a meta de mil pedidos por dia. "É uma meta audaciosa e tem que ser, porque toda vez que você deixa de crescer você está morrendo, é simples assim", sentencia Sabrina, que hoje vende 12 mil peças por mês e tem 4 mil modelos no portfólio.

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