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O assistente da presidência da Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-diretor do Banco Central (BC), Sergio Werlang, criticou o que chamou de “diretorias conservadoras” do BC que. segundo o ex-diretor, querem cumprir as metas de inflação e juros “a ferro e fogo”.
Sob a presidência de Armínio Fraga no BC, Sergio Werlang chefiou a diretoria de Política Monetária, em 2000, e implementou o sistema de metas para a inflação em funcionamento no Brasil até hoje.
“As últimas diretorias (do BC) acabaram sendo conservadoras demais, no sentido de olhar puramente a meta e querer cumpri-la a ferro e fogo, o que, no Brasil, com a situação fiscal atual, é praticamente impossível”, afirmou Werlang em entrevista concedida à revista Veja, nesta segunda-feira (2).
“Não adianta o BC dizer que vai seguir o centro da meta porque não vai conseguir, então o melhor que pode ser feito é ficar se equilibrando entre o ‘dovish’ e o ‘hawkish’, como já vinha fazendo [Roberto] Campos Neto [atual presidente do Banco Central]”,completou.
Apesar de se posicionar ao lado de economistas que se colocam contra o aumento da meta da inflação, Werlang avaliou que a meta de 3% estaria abaixo do ideal que seria em torno de 4%.
"A nossa meta de inflação é 3%, mas com intervalo de tolerância de 1,5 ponto, e a Selic a 10,5% é um nível que dá perfeitamente conta de manter a inflação no intervalo entre 3% e 4,5%”, afirmou.
Para Werlang, a situação fiscal do país é o principal problema que impede que a taxa de juros diminua.
Ao falar sobre a indicação do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, para ocupar a Presidência do BC a partir de janeiro, Werlang disse que o diretor tem todas as condições para enfrentar o desafio do juros.
“Há, óbvio, uma nova diretoria com perfil menos conservador, mas são pessoas qualificadas e equilibradas. Não há ninguém lá dizendo que a inflação vai cair e que vai jogar os juros lá embaixo”, disse.
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