Os investimentos com capital protegido são considerados os primeiros passos para as pessoas com perfil conservador se aventurarem em ativos de maior risco. Presente nos fundos multimercado, nos Certificados de Operações Estruturadas (COEs) e em alguns fundos de ações, o mecanismo garante que a aplicação inicial seja devolvida ao investidor caso os retornos sejam negativos após o vencimento, em alguns casos, até mesmo com uma pequena correção monetária.
Para analistas financeiros, os ativos com essa característica têm a vantagem de oferecer uma janela de ganhos acima da renda fixa, mas com menos riscos que o investimento direto em ações ou em fundos de renda variável. Não existe um padrão para esses ativos ou fundos, que podem manter as suas carteiras em commodities, indicadores financeiros e em empresas. As aplicações inicias também variam, enquanto a carência geralmente é superior aos 12 meses.
Entretanto, a garantia dada por esse mecanismo possui os seus “custos” aos clientes. Para que o montante seja preservado, a maior parte das posições dos ativos e fundos se concentra em papeis de renda fixa, como os papeis do Tesouro Direito. Com a renda obtida, as corretoras fazem aplicações em renda variável e repassam os ganhos aos investidores. No entanto, o capital protegido impõe com isso travas aos lucros. Logo, se os multimercados ou operações estruturadas têm como referência (benchmark) as ações de uma empresa com limite de ganhos de até 30% em 18 meses, mas que superam a marca nesse período, os detentores dos títulos ou cotas recebem apenas os 30% contratados.
“O capital protegido tem como risco o custo de oportunidade. Se você entrou no investimento com R$ 30 mil, na pior das hipóteses receberá o dinheiro de volta, mas terá o prejuízo de ter perdido os ganhos das taxas de juros do período”, explica o sócio-fundador do Grupo L&S, Alexandre Wolwacz.
Para ele, antes de colocar as fichas nesses produtos, os aplicadores devem considerar se os retornos oferecidos compensam o risco. Se os lucros são inferiores a 20%, mas apresentam chances de perdas ou mesmo retornos abaixo do benchmark, talvez eles não valham tanto a pena quanto a aplicação em CDBs (Certificados de Depósito Bancário) com ganhos acima da taxa DI, que acompanha a Selic, ou em títulos do Tesouro que acompanham a inflação e oferecem a reposição dos preços mais um “prêmio”, que hoje supera os 6% ao ano.
Outro risco atrelado aos multimercados e às operações é o de liquidez. O coordenador do curso de Economia das Faculdades Opet, Jefferson Fischer, lembra que essas opções se encaixam nas estratégias de médio a longo prazo e que o saque antes do prazo, quando possível, acarreta em penalidades que corroem boa parte do capital inicial.