A queda nas vendas leva o setor varejista a usar todos os recursos possíveis para atrair os clientes. Promoções tentadoras de produtos vendidos pela metade do preço e oportunidades “imperdíveis” atingem em cheio os consumidores suscetíveis aos apelos do consumo. Mas, os compradores também têm as suas armas para resistir às armadilhas dos vendedores e comerciantes.
Para planejadores financeiros, o ponto de partida é ter objetivos e se manter fiel a eles. “O objetivo ajuda a guiar o destino do dinheiro. Quando você se lembra das suas metas, a tendência é que se pense dez vezes antes de fazer uma compra”, afirma Emerson Wan, consultor da Oriente Advisors. Para ele, é importante definir prioridades e criar lembretes na carteira, como post-its ou fotos, para ajudar a segurar o impulso pelas compras.
Separar o que é necessário daquilo que apenas atenderá a um desejo, e refletir em seguida sobre o impacto sobre o orçamento, também contribuem para racionalizar o consumo. Para o consultor credenciado pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF) Raphael Cordeiro, antes de adquirir um produto é importante se perguntar se o item é necessário e se o valor dele cabe no seu bolso. Feito isso, o consumidor precisa estar atento às “armadilhas” do comércio.
A própria existência das placas que indicam promoções são muitas vezes o combustíveis que falta para a queima do seu precioso salário no varejo. Para não levar produtos pela “metade do dobro”, a dica é pesquisar e não comprar no primeiro estabelecimento visitado.
Cordeiro alerta ainda para outras táticas comuns do comércio, como as vendas parceladas e o cross-selling – que ocorre quando a venda de um item de valor menor é associada a outros de preços mais elevados para “empurrá-lo” ao consumidor. “Quando nós vemos que um produto custa dez vezes de R$ 100, psicologicamente o preço nos parece menor que R$ 1 mil. Além disso, colocar itens caros ao lado de outros mais baratos faz com que os valores menores sejam relativizados e pareçam baratos”, acrescenta.
Outro perigo para as compras por impulso é confundir consumo com diversão, com idas aos shopping centers com a família, por exemplo. “Quando vamos passear em um shopping, estamos em grande desvantagem, porque a nossa força de vontade irá competir com os luminosos, as promoções e o cinema”, compara Wan. Para o consultor, substituir as voltas nos centros de compras pelos parques é uma alternativa para fugir das tentações.
O planejador avalia que o consumidor também pode reduzir as idas ao mercado, que igualmente incentivam os gastos. Fazer listas de compras, pesquisar e fazer compras maiores de itens não perecíveis em “atacarejos” são alguns dos recursos indicados por Wan.