O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou nesta quinta-feira (15) que autorizou um novo plano de assistência creditícia por quatro anos à Grécia, de até 28 bilhões de euros, cerca de 36,5 bilhões de dólares.
Segundo o Fundo, as autoridades gregas podem retirar desde já 2,150 bilhões de dólares desta nova linha de crédito, aprovada depois que a Grécia reestruturou sua dívida com credores privados.
Apesar de haver ainda resistências entre alguns membros do Fundo à ideia de oferecer mais dinheiro à Grécia e à Europa, esta ajuda era esperada.
A Grécia conseguiu que seus credores privados aceitassem a reestruturação de sua dívida, a maior da história, de mais de 100 bilhões de euros. O sucesso dessa operação era uma condição para que o país obtivesse um novo crédito do Fundo.
Depois de manter o silêncio sobre as cifras durante semanas, até que a União Europeia e Atenas completassem o perdão da dívida soberana de 107 bilhões de euros - na sexta-feira passada -, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, esboçou um plano total de 28 bilhões de euros, acima das expectativas dos especialistas.
O empréstimo facilitado, denominado Serviço de Financiamento Ampliado (EFF, na sigla em inglês), é utilizado para ajudar a países membros que sofrem de problemas estruturais de longa duração.
Na quarta-feira, o FMI disse que estenderá a duração máxima dos EFF de três para quatro anos.
Do crédito passado concedido à Grécia por 30 bilhões de euros, o FMI chegou a desembolsar 20,3 bilhões. O restante foi cancelado e incluído no novo programa anunciado nesta quinta-feira.
Os 20,3 bilhões de euros que Atenas recebeu deverão ser reembolsados entre 2013 e 2015.
Esta decisão do Fundo acontece após vários meses de longas negociações em paralelo que permitiram o plano de ajuda europeu ao país e a reestruturação da dívida em mãos privadas.
A Grécia tem sido frequentemente comparada pela imprensa à Argentina, que em 2001 declarou o default após receber linhas de crédito do Fundo nos anos anteriores à moratória.
O FMI afirma ter aprendido as lições deste episódio assim como do fracasso de seu primeiro crédito à Grécia.
O chefe da missão do FMI na Europa, Poul Thomsen, afirmou em fevereiro que o FMI pedirá mais medidas para liberalizar a economia e menos para reduzir o déficit fiscal.
"Sugerimos ir um pouco mais rápido em matéria de reequilíbrio orçamentário e muito mais rápido nas reformas necessárias para modernizar a economia", disse ele ao jornal grego Katherimini.
O setor financeiro, no entanto, permanece cético e interpreta o novo crédito como um sinal de que o FMI e a comunidade internacional verão a Europa fazer mais por seu sócio grego.
"O FMI e a comunidade internacional, principalmente o G20, querem ver a UE apresentar um papel mais importante no salvamento da Grécia", disse na quarta-feira Simon Watkins, da Emerging Money, que faz assessoria de investimentos.