Afundado no pessimismo, o Fórum Econômico Mundial chega ao fim tentando esboçar algumas propostas para combater a crise considerada a mais grave desde a Grande Depressão. A necessidade de cooperação internacional, sem protecionismos, e de um novo formato de regulação para o sistema financeiro mundial emergiram como os principais temas do encontro, que terminou neste domingo (1º), em Davos, na Suíça.
O caminho não será fácil. Se o Fórum de 2008 passou a equivocada mensagem de que o mundo sairia da crise iniciada meses antes com um pouso suave, neste ano as opiniões catastrofistas se aglomeram. No debate de encerramento do evento hoje, participantes apontaram que o aumento do desemprego, da pobreza e do número de falências está apenas começando a ser sentido.
"A avaliação dos participantes em Davos é de uma situação extremamente difícil, em linha com a nossa visão de que este será o pior ano desde 1945", disse ontem o vice-diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), John Lipsky. O economista Nouriel Roubini, hoje consagrado por ter previsto toda a turbulência, acredita que a situação ainda vai piorar. Para ele, a alta do preço do ouro é um sinal de temor dos investidores de que países e empresas irão quebrar.
América Latina
O clima só fica mais moderado quando o assunto é a América Latina. A percepção é a de que a região deve ser menos afetada do que as demais, apesar de também sentir fortemente o freio mundial. O tom vem de diversos empresários brasileiros presentes em Davos, que reconhecem os efeitos da turbulência sobre seus negócios, mas comparam com estragos maiores mundo afora e alegam que a região está hoje mais preparada para atravessar dificuldades.
Tanto que o País foi tema de um almoço durante o encontro com o título "Brasil: um novo agente de poder", recheado de avaliações mais otimistas de empresários, em contraste com o clima geral do Fórum. Assim como o Brasil, o papel dos emergentes vai se fortalecendo na economia mundial, outro viés presente em Davos. O G-20 se consolida como o fórum considerado o mais adequado para tratar de soluções para a crise.
Apesar do alerta do fundador e presidente do Fórum, Klaus Schwab para que não se crie demasiada expectativa para a próxima reunião do G-20, o fato é que os debatedores apontaram constantemente a importância do evento, marcado para abril, em Londres.
O tema central será a construção de uma nova regulamentação para o sistema financeiro mundial. A ideia foi defendida pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, que neste ano lidera o G-20. Paralelamente, no Fórum Social Mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou a mesma proposta.
A necessidade de reformulação das instituições internacionais também voltou a ser discutida em Davos. Para o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, é preciso reavaliar a arquitetura de governança global, dando mais espaço para os Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China). Esses pontos refletem a necessidade de uma ação global coordenada para enfrentar a crise, avaliação repetida diariamente em Davos, por diversas autoridades - e reforçada hoje no encerramento do evento.
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