O próprio capital está mudando o capitalismo brasileiro. Com bilhões de reais em caixa, fundos e investidores especializados estão transformando ideias promissoras em negócios novatos bem-sucedidos. O segredo dessa simbiose entre empreendedores e capitalistas não está no dinheiro e sim na interação de conhecimento – o de gente nova e idealista com o de gestores com anos de experiência de mercado que ajudam na tomada de decisões.
Os fundos de capital foram responsáveis por investir R$ 102,4 bilhões em centenas de negócios nos últimos cinco anos no Brasil e por disseminar melhores práticas de gestão. Segundo dados de pesquisa feita pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) em parceria com a KPMG, dobrou o valor investido por fundos de capital de risco nos últimos três anos. Somente em 2015, as empresas brasileiras receberam R$ 18,5 bilhões em aportes financeiros, valor 39,1% maior do que o realizado no ano anterior.
INFOGRÁFICO: Investimento privado
A associação também calcula que já existe capital disponível para investimento em pelo menos 285 empresas, quase o dobro da quantidade de investimentos realizados em 2015.
Mais do que aportar dinheiro, os fundos trazem conhecimento para dentro das organizações. “As empresas que buscam aporte de capital é porque tem planos de expansão e gostariam de ter, além do capital, um aporte intelectual. Esse fundo não pode simplesmente colocar capital na empresa. Ele tem que ter participação real no negócio, influenciando na política estratégica”, explica Francisco Sanchez, vice-presidente da ABVCAP.
As parcerias são capazes, inclusive, de mudar a economia de um país. Nos Estados Unidos, onde a indústria de capital de risco já investe 1,41% do PIB nacional, a maioria das grandes companhias, como Google, Intel, Starbucks e Yahoo, recebeu private capital ou venture capital.
“É um dinheiro que gera renda, impostos, melhora a qualidade de gestão das empresas e estimula o mercado de capitais”, resume o sócio da KPMG Marco André.
Executivos de renome
A formação de empresas mais sólidas a partir de investimentos de private equity e venture capital acontece porque os fundos possuem gestores profissionais com ampla experiência de mercado e, em muitos casos, empreendedores de sucesso. Eles passam a integrar o conselho de administração das empresas investidas e ajudam traçar estratégias, estabelecer metas, implementar práticas de governança corporativa e compliance e a selecionar diretores.
É o que faz, por exemplo, Hernan Kazah, cofundador do Mercado Livre e do fundo Kaszek Ventures, que passou a integrar o conselho da startup curitibana Contabilizei após investir na empresa.
Muitos fundos contam, ainda, com grandes empresas como investidoras. Essas companhias auxiliam no desenvolvimento das empresas investidas ao disponibilizar seus funcionários e sua rede de relacionamento para mentorias e parcerias.
Um exemplo é o Fundo BR Startups, que investe em startups de serviços financeiros e conta com o apoio e o investimento da Microsoft, Banco Votorantim, Qualcomm e Monsanto.