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Bloqueio do Orçamento

Governo consulta TCU sobre bloqueio de verbas; objetivo é liberar R$ 30 bilhões em gastos

Ministra do Planejamento, Simone Tebet: técnicos da pasta veem insegurança jurídica em regra da LDO que limita contingenciamento. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil.)

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O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) formalizou uma consulta ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a regra que limita o contingenciamento de recursos do Orçamento deste ano. O documento, assinado pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, foi enviado na segunda-feira (29) e pede que o órgão esclareça se limitar o bloqueio ao valor máximo de R$ 25,9 bilhões infringiria a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e o arcabouço fiscal.

Um dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 já estabelece esse patamar como o máximo passível de contingenciamento. Mas técnicos da pasta avaliam que o trecho, incluído no texto pelo deputado federal Danilo Forte (União-CE), não tem segurança jurídica.

Uma interpretação mais rigorosa das regras fiscais levaria ao bloqueio de R$ 30 bilhões a mais. A controvérsia se dá porque, conforme as regras do novo arcabouço, o Executivo pode ter de contingenciar até 25% das despesas discricionárias, o equivalente a R$ 56 bilhões, para cumprir a meta fiscal. O objetivo para 2024 é zerar o déficit primário.

Em outras palavras, ao questionar o TCU sobre a legalidade do contingenciamento mais brando, o governo espera uma espécie de aval para liberar R$ 30 bilhões a mais em gastos do que seria permitido pela interpretação mais rígida.

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Com receio de que investimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pudessem ser comprometidos, uma ala do governo defendia a alteração da meta fiscal.

O Ministério da Fazenda, que é contra a revisão da meta, entende, no entanto, que o bloqueio máximo seria de R$ 25,9 bilhões, porque seria preciso respeitar, além da meta, o piso mínimo de 0,6% de crescimento real das despesas, também previsto no novo arcabouço.À época da discussão da LDO, a pasta comandada por Fernando Haddad negociou a inclusão de um parágrafo no texto em que explicita a trava no bloqueio de recursos diante da necessidade de garantir o patamar mínimo de 0,6% de aumento real nas despesas.

A Lei 10.028/2000, no entanto, diz que configura infração administrativa conta a lei de finanças públicas “deixar de expedir ato determinando limitação de empenho e movimentação financeira, nos casos e condições estabelecidos em lei”.

Um entendimento divergente entre o governo e os órgãos de controle poderia resultar em punição individual aos gestores responsáveis pelo Orçamento, incluindo a ministra Simone Tebet.

Caso a orientação do TCU seja desfavorável ao Executivo, a avaliação de uma parte do governo é de que isso exigiria a rediscussão do alvo da política fiscal deste ano.

O deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) já havia feito um pedido de manifestação do TCU em dezembro, mas o tribunal entende que a solicitação só poderá ser analisada após o relatório bimestral de receitas e despesas de março, quando o bloqueio vier a ser executado.

Ao jornal “O Estado de S.Paulo”, o parlamentar, que é vice-líder do governo na Câmara, disse que, diante do cenário, vai apresentar um projeto de lei complementar ou uma emenda em matéria já em tramitação na Casa, para oficializar a proposta do governo de fazer um contingenciamento menor.

“Você não pode, por conta do arcabouço fiscal, descumprir a lei de responsabilidade fiscal. E o 0,6% não é piso, é uma banda. Infelizmente a cláusula que eles pretendiam anticíclica está mal escrita. Não está escrito que o 0,6% é mínimo, então eu acho que isso tem que ser enfrentado na lei complementar. O que eu me comprometi com o ministro [da Fazenda, Fernando] Haddad era que eu ia apresentar o que acredito que seja a correção das leis”, disse o deputado.

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