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Governo quer mudar cálculo do salário mínimo

Nelson Barbosa (à esq.) assumiu na sexta-feira (2) a pasta antes comandada por Miriam Belchior | Marcelo Camargo/ABr
Nelson Barbosa (à esq.) assumiu na sexta-feira (2) a pasta antes comandada por Miriam Belchior (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

O governo vai continuar a aumentar o salário mínimo em termos reais, isto é, acima da variação da inflação, até pelo menos 2019, anunciou ontem o novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Para isso, deve enviar ao Congresso um projeto ainda neste ano com novas regras para reajuste anual do salário mínimo – a atual fórmula, criada em 2007, acaba neste ano.

Outra missão de Barbosa será conciliar o aumento do mínimo com a necessidade de fazer um ajuste na política econômica, de forma a aumentar a arrecadação e reduzir gastos públicos.

No caso do mínimo, se seguir o que defendeu em seu período na FGV-RJ meses atrás, quando estava fora do governo, Barbosa advogará um reajuste do mínimo pela variação da inflação do ano anterior acrescido de uma taxa que represente os ganhos de produtividade do país.

Hoje, o reajuste do salário mínimo leva em conta o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. A regra pode, inclusive, ser mantida, uma vez que o PIB, antes um "problema" para as contas públicas devido ao forte crescimento, tem apresentado taxas muito baixas há quatro anos.

Sindicatos

As centrais sindicais, inclusive, querem se antecipar a essa discussão do governo. Os presidentes da Força Sindical e da União Geral dos Trabalhadores (UGT) defendem um aprimoramento da política atual, justamente por conta do baixo ritmo do PIB. "Se a regra atual for mantida, o reajuste de 2016 será ruim, por conta do PIB do ano passado. E também o reajuste de 2017 vai sofrer com o PIB de 2015, que deve ser muito baixo", disse Ricardo Patah, da UGT.

"Aceitamos que a regra seja alterada para melhorar o aumento real, mas se a ideia for reduzir ainda mais o reajuste, então, defendemos que a regra atual seja estendida", disse Miguel Torres, da Força.

Preocupado justamente com a fragilidade do PIB, Nelson Barbosa chegou a citar ontem o "pai do desenvolvimentismo brasileiro", o economista Celso Furtado. Em uma frase, resumiu sua missão: "Ajustes que, apesar de seus eventuais impactos restritivos no curto prazo, são necessários para recuperar o crescimento nos próximos quatro anos. Ajustes nunca são um fim em si mesmos", disse, ao receber o cargo de Miriam Belchior.

O novo ministro lembrou, ainda, que alguns ajustes já começaram a tomar forma, como a elevação da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), o que reduz os gastos federais para sustentar o subsídio implícito nessas taxas, oferecidas pelo BNDES aos empresários. Outro ajuste foi o pacote de aperto nas concessões de benefícios previdenciários e trabalhistas, como seguro-desemprego, pensões por morte e abono salarial.

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