A necessidade de racionar energia é quase uma unanimidade entre especialistas e agentes do setor elétrico. Mas nem todos acreditam que ele vá mesmo ser decretado. O comportamento hesitante do Planalto alimenta especulações sobre se, quando e em que condições ocorreria uma redução compulsória do consumo.
Luís Gameiro, diretor da comercializadora Trade Energy, crê que o governo levará às últimas consequências a estratégia de impor “cortes seletivos” em momentos mais críticos para evitar o custo político de um racionamento. “Por mais que o Sudeste possa terminar o período úmido com os reservatórios em 20% da capacidade, acreditamos que o governo vai esperar para agir. Eventualmente ele pode partir para o racionamento lá em outubro, no fim do período seco, quando o custo para a sociedade será muito maior”, diz Gameiro.
“Nós temos energia garantida. Os clientes, não”
Grandes consumidores de energia são os mais preocupados com um eventual racionamento. É o caso da indústria de papel e celulose, bastante relevante no Paraná
Leia a matéria completaPara Robson Luiz Rossetin, diretor da Electra Energy, é muito provável que ocorra um racionamento no Sudeste, mas não no Sul, a exemplo do que ocorreu em 2001. “A Região Sul já está em situação bem melhor que o Sudeste e tem a vantagem de que seus reservatórios enchem mais rápido, basta uma ou duas frentes frias. Mesmo podendo transferir energia para o Sudeste, nunca enviou mais de 5 mil megawatts (MW). Seria economicamente inviável obrigar o Sul a racionar.”
Segundo ele, a confirmação dessa hipótese criaria uma situação favorável para as geradoras de energia do Sul. Na hipótese de um racionamento de 20% da carga, uma companhia que precisa fornecer 10 MW ao Sudeste ficaria desobrigada a entregar 2 MW, que poderiam ser comercializados na Região Sul, no mercado livre. “Se houver racionamento, quem tiver energia disponível para vender no curto prazo vai ganhar muito dinheiro”, diz Rossetin.
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