O sinal amarelo da inadimplência começou a piscar para os consumidores de menor renda que parcelaram a compra de motocicletas, especialmente no Nordeste do País. É exatamente esse estrato da população, com renda mensal entre dois e três salários mínimos (de R$ 1.090 a R$ 1.635), o mais afetado pela disparada da inflação dos alimentos dos últimos meses.
Entre janeiro e março deste ano, o atraso no pagamento da prestação aumentou um ponto porcentual acima do comportamento normal da inadimplência para o período, revela uma pesquisa feita pelo Instituto de Gestão de Excelência Operacional em Cobrança (Geoc). Os números se referem às prestações de motos atrasadas entre 31 dias e 181 dias após a data do vencimento da parcela. Os dados foram coletados entre as 18 empresas de cobrança que fazem parte da entidade e respondem por cerca de 60% do mercado de recuperação de créditos em atraso nos segmentos de motos e veículos.
O superintendente do Instituto Geoc e responsável pela pesquisa, João Paulo de Mattos, observa que comportamento semelhante da inadimplência de motos foi registrado no mesmo período na região Norte e em São Paulo. Já no Centro-Oeste, o acréscimo da inadimplência foi um pouco menor, cerca de meio ponto porcentual acima da sazonalidade do período. Na região Sul, ficou estável. "A inadimplência está crescendo, mas não é nada alarmante", pondera.
O aumento da inadimplência de motos é destacado pelo dono da empresa de cobrança Central de Serviços dos Empresários do Ceará (Cesec), Irã Leão Duarte, que tem forte atuação no Nordeste na renegociação de financiamentos em atraso de motos de grandes bancos e financeiras. Segundo o executivo, a taxa de calote foi maior nos atrasos entre 11 dias e 360 dias. Em janeiro, a inadimplência para essa faixa de atraso estava em 15,42% e, em março, ela subiu para 18,38%.
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