A preocupação com os incêndios e o desmatamento na Amazônia chegou ao ambiente corporativo. O temor de perder negócios, como já vem acontecendo com curtumes, está fazendo com que entidades e empresas se posicionem mais declaradamente em relação ao assunto. E colocou em lados opostos a Natura, uma das maiores fabricantes mundiais de cosméticos, e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Com a biodiversidade brasileira como principal aliada dos negócios, a Natura se posicionou a favor da defesa da Amazônia nas redes sociais no fim de agosto e defendeu o diálogo entre governo, comunidade e empresas. Em estudo divulgado nesta segunda-feira (2/9), a Fiesp aponta que metade da vegetação nativa da floresta está em áreas protegidas e que o Brasil cumpre todos os acordos sobre o clima em vigor.
“É possível gerar progresso econômico e sustentabilidade. Ou seja, dá para produzir sem desmatar. Estamos na Amazônia há 20 anos e podemos ajudar na conexão com as pessoas certa”, afirmou Ferreira, ao participar do painel “Era digital: quem é o novo usuário e impactos nas relações e na sociedade” no 20º Congresso IBGC, em São Paulo (SP), também nesta segunda-feira (2/9).
Com o mote “Não existe floresta em pé, se ficarmos sentados”, a Natura sugere que as pessoas apoiem e participem de movimentos a favor das florestas; valorizem as comunidades indígenas e locais; consumam de forma consciente e se informem sobre a região.
“Após a divulgação da campanha de maquiagem com homossexuais que foi boicotada [em maio deste ano], aceleramos nosso investimento em comunicação porque vimos que 90% da nossa comunidade nos defende Se nessa fase do país o foco estiver no medo, não vamos progredir”, relembrou o CEO da Natura, que recentemente adquiriu a norte-americana Avon e a britânica The Body Shop.
O estudo “Amazônia, você precisa saber”,elaborado por um comitê extraordinário da Fiesp, aponta que metade da vegetação nativa da Amazônia está em áreas protegidas e que o 45% da matriz energética do Brasil tem origem de fontes renováveis — contra uma média de 14% do mundo. Os dados da entidade mostram também que o compromisso do país em reduzir em 80% do desmatamento até 2020, firmado pelo Acordo de Copenhague. Atualmente, segundo a entidade empresarial, a queda é de 73%.
“O desmatamento apresenta queda relevante ao longo dos últimos 15 anos e, nesse período, houve anos com mais focos de queimadas e outros com menos. Ou seja, não é possível estabelecer uma relação direta de causa e efeito”, informa o levantamento, apresentado a 40 presidentes e executivos de grandes grupos europeus com negócios no Brasil e brasileiros com negócios na Europa.
"É preciso mostrar como é a realidade e oferecer dados aos empresários. O verdadeiro incêndio não é o das queimadas, é da imagem do Brasil lá fora. A Amazônia é monitorada há 17 anos e há 43 militares apagando focos na região”, defende Paulo Skaf, presidente da federação.