A inflação chegou ao nono mês de 2015 no maior patamar em 12 anos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 7,64% no acumulado até setembro, informou nesta quarta-feira (7) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pelo menos cinco instituições já esperam uma taxa de dois dígitos ao fim deste ano, marca vista pela última vez em 2002.
O economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio Leal, prevê que a taxa deste ano ficará em 10%. “É um momento delicado para o Banco Central, por causa do desejo de convergência da inflação à meta de 4,5%”, diz Leal, que espera IPCA de 6% no ano que vem. “O BC vai ter de considerar aumentar juros, mesmo com a economia fraca, ou correr risco de desancorar as expectativas”, completa.
Desde 30 de setembro, os preços da gasolina nas refinarias estão 6% mais caros. O porcentual não é o mesmo percebido na bomba, mas, a cada 1% cobrado a mais nos postos, o impacto na inflação será de 0,04 ponto porcentual, calcula a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.
Ela lembrou, porém, que a gasolina comercializada pelos postos contém 25% de etanol. “A demanda por etanol tem aumentado por causa do preço da gasolina. Além disso, os produtores têm tido problema na colheita (de cana-de-açúcar). Então, o preço do etanol aumentou.”
Impactos
Em setembro, as despesas com habitação e transportes foram os principais pesos sobre o bolso dos consumidores, o que levou o IPCA a uma alta de 0,54%, mais do que o dobro do que em agosto. O avanço do dólar também acabou deixando as compras mais caras.
Segundo o IBGE, o botijão de gás subiu 12,38% no mês passado, adicionando sozinho 0,14 ponto porcentual à taxa da inflação. As passagens aéreas, por sua vez, subiram 23,13%. Nos alimentos, o avanço da moeda americana ficou mais evidente –em setembro, o pão francês ficou 0,99% mais caro.