Ouça este conteúdo
Em nova rodada de piora das expectativas, o mercado financeiro passou a prever estouro da meta de inflação. Pela primeira vez, a mediana das projeções de bancos e consultorias para o IPCA de 2024 superou a marca de 4,5%.
Em alta há quatro semanas, o ponto médio chegou a 4,55% na edição do boletim Focus divulgada nesta segunda-feira (28). A meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional e perseguida pelo Banco Central é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.
Com uma ou outra trégua, as projeções para a inflação coletadas pelo Focus têm piorado desde maio, quando oscilavam entre 3,7% e 3,8%.Os economistas consultados pelo BC também elevaram a aposta para o dólar ao fim deste ano, pela segunda semana seguida, de R$ 5,42 para R$ 5,45. Em relação ao desempenho da economia, o ponto médio das previsões para o PIB de 2024 subiu pela terceira semana consecutiva, chegando a 3,08%.
VEJA TAMBÉM:
Contas públicas e seca elevam projeções do mercado para a inflação
Além da preocupação com as contas públicas, mais recentemente as expectativas de inflação passaram a ser influenciadas pela seca e seus efeitos sobre os preços de alimentos e da energia. O IPCA-15, prévia da inflação, subiu acima do esperado neste mês e atingiu 4,47% no acumulado de 12 meses.
Na tentativa de segurar a inflação, principalmente a de 2025 e 2026, o Banco Central deu início a um ciclo de alta de juros no mês passado, elevando a taxa básica (Selic) em 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano.
A autoridade monetária deu a entender que novos aumentos são esperados para as próximas reuniões. O mercado acredita que a Selic vai terminar o ano em 11,75%, 1 ponto porcentual acima do nível atual.
Na sexta-feira (25), foi anunciada uma novidade que pode retirar um pouco da pressão sobre a inflação: o adicional tarifário da conta de luz vai diminuir em novembro.
Após alguma melhora no volume de chuvas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou que a bandeira vermelha 2 deixa de vigorar no fim deste mês, e em seu lugar entra a bandeira amarela. Com isso, a cobrança extra cairá de R$ 7,88 para R$ 1,89 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.