A Caixa Econômica Federal vai diminuir as taxas de juros para o financiamento imobiliário a partir de 4 de maio, quando começa o Feirão da Casa Própria da instituição. A redução pode chegar a até 21% em relação às atuais taxas de juros efetivas, nas condições do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). O anúncio, feito na manhã de ontem, não deve provocar mudanças bruscas na oferta e na demanda no setor, porque ainda há uma quantidade de imóveis estocados, oriundos dos dois últimos anos de animação no setor da construção civil, que fez com que os preços subissem.
"Com a redução das taxas, será necessária uma menor renda para comprar imóveis que custam abaixo de R$ 500 mil. Isso é animador e bom para o cliente e para o mercado, que se manterá aquecido, mas não severo. A reação do mercado nesta e na próxima semana deve ser mais emocional do que concreta", explica o professor João da Rocha Lima Junior, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Em imóveis dentro do SFH com valor inferior a R$ 500 mil, os juros passaram de 10% para 9% ao ano para todos os clientes e caíram a 7,9% para quem tem relacionamento com o banco. Para imóveis com valores maiores de R$ 500 mil, as taxas caíram de 11% para 10% para todos os clientes.
Para a Caixa, que tem a expectativa, de no mínimo, repetir o número de contratações de 2011, a redução da taxa de juros significa apoio e incentivo ao crédito, além de estratégia para ganhar mercado. "As taxas mais baixas diminuem o spread do banco, que vai atuar com margens mais estreitas. Mas, para manter um cliente por um longo prazo, vale a pena", comenta Lima Junior.
"O mercado desse setor, nos últimos anos, tem curva de ascensão. Com o dinheiro disponível a um custo mais baixo, a tendência é de que o mercado se estabilize e não aponte perdas", diz Suely Molinari, gerente regional da Caixa Econômica Federal no Paraná. No primeiro trimestre de 2012, a Caixa fechou 17 mil contratações de financiamento imobiliário, num valor total de R$ 1,3 bilhão. Em 2011, no mesmo período, os contratos alcançavam R$ 1,1 bilhão.
Contratos antigos
A Caixa Econômica Federal ainda não confirma se haverá variação nas taxas para financiamentos que já estão contratados. A instituição não confirma o que poderá acontecer, mas admite que, no momento, os juros mais baixos vão valer apenas para os novos contratos, fechados a partir de 4 de maio. "Quem já está incluído em um contrato deve aguardar. As novas taxas passam a valer a partir de maio e até lá o banco terá um posição mais concreta sobre os contratos antigos", afirma Suely.
Para quem está prestes a fechar negócio com o banco, ela aconselha esperar o período de vigência das novas taxas. "É possível ir juntando a documentação para fechar o negócio assim que as taxas mais baixas estiverem valendo."
Errata As taxas de juros efetivas ao ano, no Banco do Brasil, são de 8,40% para imóveis até R$ 500 mil e 11% para aqueles que excedem esse valor.