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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na manhã desta quarta (12), que o Brasil está conseguindo colocar as contas públicas em ordem para alcançar o equilíbrio fiscal e sinalizou que o governo vai explorar petróleo na chamada Margem Equatorial, alvo de embates internos entre os ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente.
As declarações foram dadas durante o fórum Priority Summit no Rio de Janeiro, que reúne empresários estrangeiros para apresentar o potencial do Brasil para investimentos futuros. Entre eles – e principalmente – representantes da Arábia Saudita, que Lula classifica como “aliado privilegiado”.
Durante grande parte do discurso, lido e improvisado, o presidente enalteceu os avanços que já conseguiu com os sauditas e as potencialidades do Brasil para investimentos, principalmente em transição energética e infraestrutura dentro do Novo PAC.
Para isso, destacou que, na visão dele, a economia vai bem “acima das expectativas”, que o país se tornou o segundo maior destino de investimentos diretos do mundo no ano passado, e que está no caminho para alcançar o equilíbrio fiscal – ou seja, zerar o rombo das contas públicas.
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“Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para segurar o equilíbrio fiscal. [...] O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”, disse.
Lula ressaltou que o Brasil recuperou sua “capacidade de planejar o desenvolvimento e, enfim, pudemos nos concentrar novamente no que realmente importa: melhorar a vida do nosso povo”, citando, entre outros pontos, a valorização do salário mínimo que permite o aumento do consumo da população.
O presidente, no entanto, evitou falar das derrotas que vem sofrendo no Congresso principalmente em matérias econômicas, como a desta terça (11) em que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolveu a medida provisória que poderia render R$ 29 bilhões aos cofres públicos.
Neste ponto, Lula apenas disse que seu governo reatou o pacto federativo e “retomou o diálogo com o Congresso”.
Exploração da Margem Equatorial
Sem citar diretamente como uma área de potencial investimento saudita, Lula sinalizou que o governo vai explorar petróleo na chamada Margem Equatorial – já o faz na costa do Nordeste – e que fará a Petrobras competir com a Saudi Aramco, a petroleira estatal do país árabe.
Ele ressaltou que a Petrobras está quase do tamanho da gigante saudita e que “a hora que começarmos a explorar a nossa Margem Equatorial, acho que vamos dar um salto de qualidade extraordinário”. Ele ressaltou que a exploração será feita “respeitando o meio ambiente”, mas que “não vamos jogar fora nenhuma oportunidade desse país crescer”.
A exploração na Margem Equatorial enfrenta uma barreira na região da foz do Rio Amazonas, próximo ao Amapá, que está em processo de análise pelo Ibama e que criou uma profunda crise interna no governo.
Dinheiro bem-vindo dos sauditas
Além de enaltecer a presença dos empresários sauditas, Lula frisou que o dinheiro deles é “bem-vindo” e que será necessário para ajudar a diminuir a desigualdade social no país. Ele reconhece que ainda há muito a ser feito nesta questão.
“Não somos mais o Brasil do Carnaval, do futebol ou da violência”, afirmou reconhecendo os problemas sociais do país, mas que podem ser resolvidos. Para ele, a pobreza não deve ser escondida “quando a gente recebe gente rica”. “Ela é existe, é real, e a gente tem responsabilidade”, completou.
Lula ressaltou aos sauditas que a transição energética no Brasil tem um grande potencial de investimento e retorno a eles, e que o país “é perfeitamente capaz de produzir peças e componentes” de veículos elétricos, com a exploração de minerais críticos para a produção de baterias.
“Precisamos definir claramente quais são as prioridades que esse país pode oferecer a qualquer investidor estrangeiro”, disse ressaltando potenciais como mudanças climáticas ou transição energética.
O presidente frisou que tanto o Brasil como a Arábia Saudita fazem parte juntos do “Sul Global” e que “não somos mais tratados como se fossemos insignificantes”. “Não queremos passar mais um século sendo dependentes do Norte, queremos ser iguais, oferecer as mesmas oportunidades que todo mundo tem”, disse.
E concluiu ressaltando que espera encontrar os empresários sauditas durante a cúpula do Brics em Kazan, na Rússia, em outubro, e nas próximas reuniões do G20, em novembro, e da COP30, em 2025.