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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta (30), que o economista Gabriel Galípolo terá autonomia para determinar o aumento da taxa básica de juros, mas desde que explique os motivos para isso.
Lula indicou Galípolo na última quarta (28) como sucessor do atual presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, apontado pelo petista como um “político, não como um economista” e que agiria como um aliado de Jair Bolsonaro (PL), que o indicou, como já declarou em diversas ocasiões.
“Se tiver que baixar juros, baixa. Se tiver que aumentar, aumenta. Mas, tem que ter uma explicação, porque o papel do Banco Central não é só medir juro. Tem que ter meta de crescimento também. Se a gente não tiver combinado uma meta de crescimento com a meta de inflação, da população do ponto de vista da melhoria de vida, esse país continua estagnado”, disse Lula em entrevista à rádio MaisPB, de João Pessoa, onde cumpre agenda ao longo do dia.
Lula voltou a afirmar que considera Galípolo uma pessoa competente para o cargo e que terá a mesma autonomia que teve Henrique Meirelles durante seus dois primeiros governos – numa época em que não havia uma lei determinando a autonomia do Banco Central, o que é constantemente alvo de críticas dele.
“Esse país já teve Banco Central independente, agora tem com mandato, que se eu tivesse voto seria contra. Mas, está aí, vai ficar. Eu, sinceramente, acho que o presidente da República tem o direito de indicar o presidente do BC e de tirar se não gostar”, disparou em um tom duro de cobrança.
O petista ainda questionou o que poderia fazer se Galípolo fizer algo que ele considere errado: “eu não sei quem é que criou a ideia de que o cara é intocável, é um ser superior pra tudo”.
“Porque todo mundo tem que receber crítica, o governador, o presidente, o do Banco Central que fica mais em Miami (Estados Unidos) do que aqui no Brasil não quer ser criticado”, questionou.
Lula ainda afirmou que há um imaginário de que o presidente da autoridade monetária deve atuar como um representante do mercado financeiro, e que isso precisa mudar. Ainda afirmou que Campos Neto atua como um político em vez de economista, e que “se oferece em muitas reuniões políticas”.
Ainda durante a entrevista, Lula sinalizou que espera um melhor alinhamento entre os diretores da autarquia com o governo, já que indicará novos membros do colegiado até o final do ano para assumirem no ano que vem junto de Galípolo.
O mandato de Roberto Campos Neto termina no final deste ano, mas a indicação de Lula ainda precisa passar por sabatina no Senado, em meio a uma negociação para que ocorra antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em setembro. No entanto, o período eleitoral e as atuais rusgas entre o Planalto e o Congresso por causa da crise das emendas parlamentares estão travando o andamento das conversas.
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