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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quarta-feira (6) que 10,2 milhões de pessoas saíram da pobreza no Brasil em 2022. O levantamento considera pessoas em situação de pobreza aquelas que vivem com até R$ 637 por mês. Com isso, o número de pessoas vivendo na pobreza caiu de 36,7% em 2021 para 31,6% em 2022.
Os resultados refletem o impacto dos benefícios sociais pagos pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) para conter os efeitos da pandemia. O índice de Gini, que mede a desigualdade na distribuição de renda, ficou em 0,518 no último ano da gestão passada, menor da série histórica – quanto maior o Gini, maior a desigualdade.
Após o pagamento do auxílio emergencial, o governo Bolsonaro criou o Auxílio Brasil, que foi reajustado para R$ 600. O governo Lula manteve o valor ao retomar o Bolsa Família. A “Síntese de Indicadores Sociais” divulgada pelo IBGE mostra também que houve queda no contingente de pessoas na extrema pobreza, ou seja, que viviam com menos de R$ 200 por mês.
Na comparação entre 2021 e 2022, a proporção de pessoas em extrema pobreza caiu de 9% para 5,9%. Neste período, a extrema pobreza e a pobreza diminuíram em todas as regiões, em especial no Norte e no Nordeste. “Essas regiões concentram o maior volume de pessoas nessas situações e também são as regiões onde há um impacto maior dos programas sociais de transferência de renda”, disse André Simões, analista da pesquisa, em nota divulgada pelo IBGE. O levantamento revelou que o Centro-Oeste apresentou a maior queda na pobreza (-7,3 pontos percentuais), em razão, principalmente, ao dinamismo no mercado de trabalho da região em 2022.
O órgão considerou os parâmetros atualizados do Banco Mundial que consideram valores de US$ 2,15 por dia para extrema pobreza e de US$ 6,85 por dia para a pobreza, em termos de Poder de Paridade de Compra (PPC) a preços internacionais de 2017.
“Na linha de extrema pobreza não há uma diferença significativa entre os valores da linha antiga e da linha atualizada ao longo da série, pois ela é basicamente de consumo para subsistência e sua atualização se dá principalmente por uma questão de preços. Já a linha de pobreza mostra uma diferença maior, ligada a dinâmica do rendimento e padrões de consumo mais heterogêneos de países de renda-média alta”, afirmou Simões.
Impacto do trabalho e de programas sociais
O IBGE mostrou que o trabalho impacta para diminuir a pobreza e os programas sociais para redução da extrema pobreza. A participação dos benefícios de programas sociais no rendimento domiciliar das pessoas em situação de extrema pobreza chegou a 67% em 2022. Já a renda do trabalho foi responsável por apenas 27,4% do rendimento deste grupo.
“No Nordeste, os benefícios de programas sociais representaram 72,4%, caindo para 48,2% na região Sul, enquanto a participação da renda do trabalho foi de, respectivamente, 23,7% e 38,6%”, apontou o levantamento.
Nos domicílios considerados pobres, o rendimento de benefícios de programas sociais chegou a 20,5% do total do rendimento. A renda do trabalho, por sua vez, foi responsável por 63,1%. Segundo o IBGE, no Sudeste, a proporção do impacto do trabalho na renda é ainda maior, chegando a 70,2%, enquanto no Nordeste este índice ficou em 54,3%, em 2022.
Na população total, a distribuição de rendimentos considerando a fonte é de 74,5% para trabalho; 18,1% aposentadoria e pensão; 3% em benefícios de programas sociais e 4,4% para outras fontes.
A pesquisa demonstrou que sem a existência dos programas sociais a extrema pobreza teria sido cerca de 80% maior, elevando o percentual atual de 5,9% para 10,6%. Com relação à pobreza, os impactos da ausência desses benefícios governamentais teriam sido menores, com uma proporção de pobres 12% maior do que o efetivamente registrado em 2022, passando de 31,6% para 35,4%.