O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, destacou em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado, que, pela primeira vez, a economia brasileira atingiu um nível de desemprego abaixo do da Europa. Ele disse não haver dúvida de que a economia brasileira vem apresentando uma taxa de desemprego menor do que nos países da Europa e nos Estados Unidos.
Na audiência, Meirelles apresentou dados mostrando que, enquanto o desemprego começou a cair no Brasil, depois de ter subido com a crise financeira, a Europa mantém taxa de crescimento. No Brasil, o desemprego, que chegou a 9% em março de 2009, caiu para 8,1% em junho. Na Europa, onde também estava em 9% em março subiu para 9,4%. O nível atual de desemprego no Brasil, embora mais alto do que o de 2008, está abaixo do registrado em 2007, observou Meirelles.
Bancos
Meirelles afirmou também que os bancos pequenos e médios já mostram recuperação e crescimento do crédito na margem. Segundo ele, a melhora nesse grupo de instituições mais atingidas pela crise é reflexo das ações adotadas pelo BC para estabilizar o mercado e garantir a liquidez para esses bancos.
O presidente do Banco Central lembrou que a injeção de liquidez para as instituições de menor porte foi de R$ 41,8 bilhões. Ele lembrou também que a redução de depósitos compulsórios feita pelo BC para enfrentar a crise foi de R$ 99,8 bilhões. Meirelles mencionou que, se as regras de recolhimento de compulsórios anteriores à crise estivesse mantidas, hoje o recolhimento seria de R$ 118,6 bilhões, adicionais aos US$ 178 bilhões que foram recolhidos.
Segundo Meirelles, o estoque de crédito concedido pelos bancos pequenos e médios, apesar do crescimento na margem, acumula variação negativa de 1,5% desde setembro de 2008 até junho de 2009. No acumulado até fevereiro de 2009, essa variação negativa era de 4,5%. "Espera-se que os bancos privados pequenos e médios entrem no terreno positivo, pois estão crescendo na margem", afirmou Meirelles.
O presidente do BC destacou que o mercado de crédito no Brasil caminha para a normalização gradual e ressaltou que, em junho, as concessões pelo critério de média diária já estavam no nível pré-crise. A média diária de concessões, em junho, foi de R$ 7,3 bilhões, enquanto a média diária do período de janeiro a setembro de 2008 foi de R$ 7,1 bilhões. Meirelles ressaltou ainda as quedas na taxa de juros de mercado e na taxa de juros real, que atingiram mínimas históricas. "O Brasil tem trajetória cadente de juros. É uma tendência desde 2003", afirmou.
Euforia
Durante audiência pública, o presidente do Banco Central fez mais um alerta ao mercado financeiro brasileiro. Ele disse que preocupa, às vezes, o excesso de euforia dos mercados. Ele destacou que a trajetória de crescimento da economia para 2010 é sustentável, mas que é função do Banco Central "acautelar o mercado" contra excessos de euforia que podem levar a distorções de preços. De forma enfática, Meirelles deu o tom do aviso: "o importante é pé no chão", disse ele, ressaltando para que não ocorra decepção depois.
O presidente do BC escolheu dar esse alerta ao final da sua apresentação aos senadores, antes de passar a responder perguntas dos parlamentares. Durante a apresentação, Meirelles disse que o quadro econômico brasileiro ainda inspira cuidados, mas é de recuperação sólida. Segundo o presidente do Banco Central, a recuperação da economia é gradual, mas o País está crescendo e a indústria tem margem para crescer. "A economia está se recuperando gradualmente".
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