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Os analistas do mercado financeiro elevaram novamente a expectativa para o aumento da inflação no final deste ano de acordo com o Relatório Focus, do Banco Central, divulgado na manhã desta segunda (2). A projeção aponta também um aumento das estimativas para o câmbio do dólar e para o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
O aumento da inflação é o que mais preocupa o governo, já que a nova estimativa de 4,26% (veja na íntegra) pode ser pressionada ainda mais para cima nas próximas semanas com o aumento das tarifas de luz em setembro, em que passa a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 2 por causa da estiagem que atinge a maior parte do país.
Além da conta de luz mais cara, há a expectativa também de aumento dos preços dos alimentos por causa da seca. Esta é a sétima semana seguida que os analistas do mercado financeiro estimam um aumento da inflação para este ano – com o agravante de que o teto da meta não está muito longe e é de 4,5%.
Já o câmbio do dólar, que também vem sofrendo forte pressão nas últimas semanas por conta da conjuntura internacional nos Estados Unidos e na China, também teve um aumento da expectativa para o final deste ano com a cotação da moeda em R$ 5,33. É o terceiro aumento seguido projetado pelos analistas do mercado financeiro.
Por outro lado, embora a expectativa da inflação esteja aumentando assim como o câmbio do dólar, o mercado vê também a possibilidade do aumento do PIB pela terceira semana seguida. O índice calcula o crescimento da economia brasileira e aponta uma alta de 2,46% neste ano, 0,03 ponto percentual na comparação com a semana passada e 0,26 com o apurado no começo de agosto.
Ainda no Relatório Focus desta segunda (2), os analistas do mercado financeiro não preveem um aumento da taxa básica de juros neste ano, o que vinha sendo sinalizado nas últimas semanas em algumas casas de investimentos. A expectativa é de que a Selic terminará o ano no atual patamar de 10,5%.
No entanto, o mercado financeiro acompanha com atenção o que deve ser discutido na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 17 e 18 de setembro. Será a primeira em que o atual diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, participará como indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o comando da autarquia a partir de 2025 em substituição a Roberto Campos Neto, alvo de fortes críticas do governo e de aliados por causa da taxa básica de juros.
Em entrevistas recentes, ele afirmou que o Copom está atento aos rumos da economia e que poderia elevar a Selic para segurar a inflação. Galípolo afirmou que a autoridade monetária está comprometida em perseguir o centro da meta de inflação, de 3%.
Apesar de indicar o próximo presidente do BC, Lula afirmou na semana passada que Galípolo terá total autonomia para elevar a Selic se for preciso, desde que com explicações suficientes para justificar a decisão do comitê.