Lula pede "nova ordem econômica" na ONU
Agência Estado
Nova Iorque - Nos debates da Assembleia Geral das Nações Unidas, que representa 192 países, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou a importância de uma ação conjunta, ou "além de fronteiras", para lidar com os principais temas da agenda econômica mundial e da mudança de clima no globo.
Londres - Os países emergentes chegarão à reunião de cúpula do G-20 com a oportunidade histórica de readequar as forças das instituições financeiras internacionais. Em situação econômica mais favorável e agora que já colocaram recursos no Fundo Monetário Internacional (FMI), essas nações ganham força para mudar a arquitetura mundial. Não significa que será fácil. Especialistas acreditam que os emergentes conseguirão arrancar um compromisso mais firme dos países desenvolvidos para a desejada redistribuição das cotas, mas possivelmente sem números específicos no comunicado final do G-20, a ser divulgado após o encontro de amanhã em Pittsburgh, nos Estados Unidos. "Não penso em um momento melhor da história recente para que os emergentes consigam ampliar o seu papel no FMI", afirma a professora de política internacional da City University de Londres, Anastasia Nesvetailova. "A hora é agora."
O enfraquecimento dos países desenvolvidos em meio à crise e a pressão coordenada dos emergentes, que atualmente puxam a recuperação econômica global, abrem oportunidade para as mudanças. Na reunião preparatória de ministros do G-20, realizada há duas semanas em Londres, os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) pediram uma transferência de 7% das cotas dos países desenvolvidos no FMI e 6% da fatia no Banco Mundial para os emergentes. Com isso, cada um dos lados passaria a ter 50% das instituições. O alvo é principalmente o poder dos europeus, considerados "sobre-representados", já que perderam importância econômica relativa recentemente.
Em um primeiro momento, a estratégia dos Brics foi concordar com o aporte de recursos no FMI, para que emergentes em dificuldades durante a crise pudessem ser ajudados. Os quatro maiores países em desenvolvimento do mundo estão colocando US$ 80 bilhões no fundo, sendo US$ 50 bilhões da China e US$ 10 bilhões de cada um dos outros três. Esse dinheiro faz parte da decisão consensual do G-20 na reunião de abril, em Londres, quando os países concluíram que o capital da instituição deveria ser triplicado para US$ 750 bilhões. Com o caixa do FMI reforçado, os Brics agora adotam uma ação coordenada para ampliar a voz no contexto global.
Para especialistas, a discussão pode ganhar força na agenda também porque os Estados Unidos estão pedindo um novo balanceamento dos desequilíbrios globais, o que em tese teria de passar pelo rearranjo das instituições multilaterais e não só pela redução do papel norte-americano de grande consumidor do mundo. "Os emergentes prestam ajuda muito mais forte atualmente, já que estão fornecendo recursos preciosos para o FMI e têm papel importante para tirar o mundo da recessão, criada pelos excessos dos países desenvolvidos", disse Marco Annunziata, economista-chefe do banco italiano UniCredit. "Há um consenso de que a revisão das cotas é inevitável."
Brasil
O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou ontem que a prioridade do Brasil para o encontro é tornar permanente esse fórum de discussões, com reuniões anuais. A segunda prioridade brasileira, diz o ministro, é justamente dar prosseguimento à reforma das cotas do FMI para que seja aumentado o peso dos emergentes.
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