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O dragão na mesa do curitibano

A inflação de 2010 foi a mais alta dos últimos seis anos no Brasil. Confira no gráfico |
A inflação de 2010 foi a mais alta dos últimos seis anos no Brasil. Confira no gráfico (Foto: )
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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo IBGE em Curitiba voltou a superar a média nacional em 2010: en­­quanto o índice do país foi de 5,92%, os preços para os curitibanos subiram 6,71% no ano passado – entre as capitais pesquisadas, apenas Belém teve inflação maior. Esta é a segunda vez consecutiva em que Curitiba ocupa a vice-liderança no índice. Já o indicador nacional chegou ao maior nível desde 2004, puxado especialmente pelos alimentos.

O principal grupo de despesas a pressionar o índice curitibano foi o de alimentos e bebidas, que subiu 13,14% –a maior variação do setor entre as capitais pesquisadas. Além de ser a maior alta nominal, este é o grupo com o maior peso na composição dos itens pesquisados. Em seguida aparecem vestuário (12,35%) e despesas pessoais (9,12%). "Curi­tiba ficou um pouco acima da média, mas não está discrepante em relação ao todo do país", ressalva Irene Maria Machado, ge­­rente de pesquisas do IBGE. "Os itens que registraram aumento em Curitiba foram os mesmos que subiram no resto do Brasil", argumenta.

A analista afirma ser inviável projetar o comportamento ao longo de 2011, principalmente se o índice continuar a ser puxado pelos alimentos. "Como os preços na agricultura são regulados sobretudo pelo clima, é difícil fazer alguma previsão. Em 2008, por exemplo, o grupo da alimentação teve alta, com baixa no ano seguinte. Mas acredito que os alimentos não devam subir tanto, a menos que haja grande adversidade climática neste ano", explica.

Carne

Dentro do grupo de alimentos e bebidas, o subgrupo com a maior alta foi o das carnes, que ficaram em média 35,5% mais caras em Curitiba – o maior aumento entre as capitais. No Brasil, as carnes subiram 29,6%. Por causa disso, os restaurantes elevaram o preço da refeição fora de casa, que ficou 12% mais cara na capital do Paraná, superior aos 9,81% de aumento nacional.

O forte aumento nas matériasprimas obrigou o restaurante Madero a explicar no cardápio o motivo do reajuste na porção de picanha, que passou de R$ 22 para R$ 30. "Com isso, o cliente fica ciente do motivo do aumento, para que ele não se sinta logrado", explica Junior Durski, proprietário da casa. "A média de aumento foi de 35% nas carnes, mas alguns produtos subiram até 120%, como o filé mignon. O quilo da picanha passou de R$ 22 para R$ 40", exem­plifica.

Como alternativa, a rede passou a oferecer filé importado da Argentina pelo preço original de R$ 22, e o prato passou a ser um dos mais pedidos pelos clientes. Já o cheeseburguer, considerado uma das especialidades da casa, não sofreu reajuste. Segundo Durski, o aumento da matéria-prima foi integralmente absorvido na margem de lucro da empresa. "Por questões de marketing, não seria prudente repassar aumentos ao cliente", entende.

Na Risotolândia, que comercializa refeições empresariais, os aumentos de gêneros alimentícios não foram repassados para os clientes ao longo do ano, pois as negociações de preço só podem ser realizadas na renovação do contrato de fornecimento. "Sempre consultamos o cliente para ver se há a possibilidade de realizar alterações no cardápio sem perder qualidade. Então encontramos um alimento similar que esteja com um preço melhor", explica Carlos Humberto de Souza, diretor superintendente da Risoto­lândia.

Souza não percebe descontrole na evolução no preço dos alimentos. "A inflação cresceu bastante, mas está dentro de patamares esperados", avalia. "Só chegaremos a realizar discussões de meio de contrato se os preços dispararem muito na metade do ano, mas por enquanto a tendência é de equilíbrio financeiro", acredita.

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