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Petrobras abate corrupção e tem prejuízo de R$ 21,6 bi em 2014

Petrobras abateu R$ 50,8 bilhões do ativo imobilizado da companhia por causa das denúncias da Lava Jato e da desvalorização de ativos, o chamado “impairment”. | Ricardo Moraes/Reuters
Petrobras abateu R$ 50,8 bilhões do ativo imobilizado da companhia por causa das denúncias da Lava Jato e da desvalorização de ativos, o chamado “impairment”. (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

Com impacto do lançamento de perdas de R$ 6,194 bilhões relacionadas à corrupção e outros R$ 44,345 bilhões à reavaliação dos ativos, a Petrobras registrou, em 2014, prejuízo de R$ 21,587 bilhões ante o lucro de R$ 23,4 bilhões registrado em 2013. Foi o primeiro prejuízo da petroleira em 23 anos. A divulgação das demonstrações contábeis auditadas de 2014 em atraso, dos dois últimos trimestres e da anual, foi feita ao mercado na noite desta quarta-feira (22). As do terceiro trimestre estavam atrasadas havia 159 dias, e a anual, 22 dias.

No ano passado, a receita de vendas da companhia atingiu R$ 337,26 bilhões, alta de 11% ante 2013, graças aos reajustes nos preços do diesel e da gasolina autorizados pelo governo e o efeito do câmbio. Já o endividamento total da companhia atingiu R$ 351 bilhões, um aumento de 31% em relação ao ano anterior.

A metodologia usada para a baixa por corrupção considerou principalmente os depoimentos em delação premiada feitos por executivos que participaram do esquema de corrupção, revelado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Segundo o gerente executivo de Desempenho da Petrobras, Mário Jorge Silva, a empresa considerou os depoimentos “consistentes em relação ao cartel, ao período em que operou, às empresas que participaram e os valores máximos”, para efeito de lançamento no balanço. “Isso nos dá segurança de registrar essa perda no balanço”.

Já a baixa por “impairment”, ou seja, ajuste nos valores dos ativos em relação à capacidade de gerar receita no futuro e ao que foi investido, foi decorrente da queda no preço do barril, do adiamento de projetos em refino para preservação de caixa e da revisão da demanda em petroquímica. O preço do petróleo teve impacto negativo de R$ 5,6 bilhões nos investimento de exploração e produção.

O adiamento de projetos em refino levou ao reconhecimento de perda de R$ 21,8 bilhões no Comperj, refinaria em construção no estado do Rio de Janeiro, e de R$ 9,1 bilhões na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. As obras das duas refinarias foram alguns dos principais alvos de atuação do cartel que sustentou o esquema de corrupção na empresa. Foi reconhecida também uma baixa de R$ 3 bilhões relativa à Petroquímica de Suape, em Pernambuco.

Histórico

O lançamento das perdas de corrupção foi exigência da PwC, empresa que audita as demonstrações financeiras da estatal. Foi decorrente da revelação, pela Lava Jato, do funcionamento de um cartel de empresas que a partir de 2004 – com a participação de diretores da Petrobras – combinava resultados de licitações da companhia.

O esquema veio à tona em outubro, o que levou a PwC a pedir para que a Petrobras aprofundasse as investigações sobre corrupção, atrasando o balanço do terceiro trimestre. Com as evidências do desvio, a empresa teve de calcular o que foi lançado indevidamente como investimento mas que, na verdade, foi desviado em propina.

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