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Depois do melhor começo de ano desde 2010, as expectativas são de que a atividade econômica dê passos mais tímidos de agora em diante. O Bradesco, por exemplo, vê chance de recuo do Produto Interno Bruto (PIB) neste segundo trimestre, depois da alta de 1,9% no primeiro. "A desaceleração da atividade econômica em 2023 é reflexo dos efeitos defasados da taxa Selic", explicam analistas do banco, que projetam quedas de 0,2% no segundo e terceiro trimestre e alta de 0,1% no quarto.
A XP Investimentos também vê desaceleração econômica ao longo de 2023. Para este segundo semestre, a corretora vê possibilidade de leve crescimento de 0,2%. A corretora observa que a indústria de transformação encolheu pelo terceiro trimestre seguido, a construção civil também segue recuando e o setor de serviços exibe sinais de moderação. “Dissipação do impulso 'pós-Covid', piora das condições de crédito e alto endividamento das famílias e empresas vêm pesando sobre a demanda interna”, diz o economista Rodolfo Margato.
Os dados do setor de serviços em abril, divulgados nesta quinta-feira (15) pelo IBGE, parecem corroborar essa percepção. O volume de serviços diminuiu 1,6% no mês, frustrando as expectativas do mercado, que eram de relativa estabilidade.
Apesar dessa esperada perda de fôlego, o forte crescimento do primeiro trimestre deve garantir PIB no azul ao fim de 2023. O mercado financeiro tem revisado para cima as projeções para o resultado do ano. A mediana (ponto médio) das expectativas avançou de 1,02%, há quatro semanas, para 1,84%, segundo o mais recente boletim Focus, do Banco Central. Instituições como Bradesco, XP e Itaú aparecem entre as mais otimistas, com projeções de 2,1%, 2,2% e 2,3%, respectivamente.