Diante das reações negativas quanto à participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na fusão entre o grupo Pão de Açúcar e a parte brasileira do Carrefour, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, decidiu atacar os bancos brasileiros. "Tudo seria resolvido se o setor financeiro privado do Brasil fizesse o papel dele, que é financiar o capital brasileiro", reclamou. "Como ele não faz isso, o BNDES tem de atuar."
Ele fez essa afirmação ao final de uma reunião na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados, ontem, em que a operação foi criticada por parlamentares da oposição. O BNDES informou anteontem que poderá participar com até 2 bilhões de euros na transação, o que representa cerca de R$ 4,5 bilhões.
"Por que aplicar recursos dessa monta em um setor consolidado como o varejo?", questionou o líder do PSDB na casa, Duarte Nogueira (SP). Ele alertou que a fusão entre as duas redes de supermercado levará à redução da concorrência e provocará desemprego no setor.
O deputado Guilherme Campos (DEM-SP) afirmou que o grupo Pão de Açúcar teria condições de buscar financiamento no mercado. "Não precisaria de recursos do BNDES." O ministro afirmou, por diversas vezes, que ainda não é certo que o banco estatal entrará no negócio. "Ela está sendo avaliada pela diretoria", disse. "A operação não foi realizada ainda, não há compra de ações por parte do BNDES."
Mesmo assim, o ministro defendeu uma eventual participação do banco. "Se a operação vier a ser realizada, ela tem uma importância estratégica", disse. "É a associação de um grande grupo nacional com um ou dois grupos estrangeiros, que abriria uma porta importantíssima para a colocação de produtos brasileiros industrializados no mundo inteiro." Segundo o ministro, esse seria o "grande interesse" do governo na operação.
Pimentel acrescentou que o negócio não está fora dos padrões das demais operações feitas pelo BNDES. Disse ver "mérito" na proposta, usando a mesma expressão dita anteontem pelo presidente do banco, Luciano Coutinho.
Um eventual prejuízo à concorrência tampouco preocupa o ministro. Ele citou dados das empresas pelos quais a concentração de mercado sob o poder da nova empresa é entre 25% e 30%. "É muito pouco, não acho que haja grande risco à concorrência", comentou. Duarte Nogueira rebateu os argumentos de Pimentel. "Não estamos internacionalizando o Pão de Açúcar, estamos desnacionalizando-o", afirmou.
Como a suspensão do X afetou a discussão sobre candidatos e fake news nas eleições municipais
Por que você não vai ganhar dinheiro fazendo apostas esportivas
Apoiadores do Hezbollah tentam invadir Embaixada dos EUA no Iraque após morte de Nasrallah
Morrer vai ficar mais caro? Setor funerário se mobiliza para alterar reforma tributária
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião