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Cerveja

Por que a AB InBev quer tanto a SABMiller?

 | Tom Parker/Divulgação

Após sua terceira proposta de compra da SABMiller ter sido rejeitada, o presidente-executivo da AB InBev, Carlos Brito, pediu a acionistas da concorrente nesta quinta-feira (8) que reconheçam o valor de sua oferta de compra de 68 bilhões de libras (US$ 104 bilhões de dólares) e não deixem o conselho da rival britânica frustrar que ela vá em frente.

O apelo do executivo é mais um lance para tentar convencer acionistas da SABMiller a aceitar uma proposta que paga um prêmio de 40% sobre o valor de suas ações antes da oferta. A AB Inbev tem apoio do maior acionista da concorrente, a Altria, uma fabricante norte-americana de cigarros que tem 27% da companhia e aceita os termos propostos pela cervejaria belgo-brasileira.

Analistas avaliam que a AB InBev estaria disposta a ir mais longe para fazer a aquisição. Como disse nesta semana o presidente de SABMiller, Jan de Plessis, sua companhia é a “joia da coroa” no mercado global de cervejas. Segunda maior produtora mundial, atrás apenas da Inbev, a empresa tem ativos que nem Heineken ou Carlsberg, os outros grandes players mundiais, podem oferecer.

AB Inbev e SABMiller são complementares. A cervejaria britânica, que tem uma de suas origens na África do Sul (SAB vem de South African Brewery), tem presença forte no mercado africano, onde a InBev é praticamente ausente –sua força está na América Latina, onde domina o mercado brasileiro, o terceiro maior do mundo, nos Estados Unidos e na Europa.

A China é outra joia da SABMiller. No país mais populoso do mundo, que tem um dos mercados que mais crescem, a cervejaria britânica tem uma joint venture com a China Resources e administra a CR Snow, a cerveja mais vendida do mundo.

Juntas, AB InBev e SABMiller teriam cerca de 30% do mercado mundial da bebida e uma posição de liderança em 24 do 30 maiores mercados do mundo, segundo uma estimativa do Financial Times.

Com esse tamanho, é provável que a nova companhia encare vários obstáculos em órgãos antitruste, principalmente na América do Norte (juntas, as empresas teriam mais de 70% de mercado norte-americano) e, possivelmente, na China. Algumas marcas teriam de ser vendidas, mas a empresa resultante ainda seria líder nos maiores mercados.

No Brasil, o efeito da união seria muito pequeno. A SABMiller fechou recentemente um acordo de produção com a Petrópolis e está trazendo de volta ao país a marca Miller, que ainda é um traço de market share. No longo prazo, porém, a união evita que a Petrópolis ganhe musculatura com uma marca premium e, quem sabe, seja comprada no futuro pela cervejaria britânica.

Por trás desse movimento, há também o desejo de Jorge Paulo Lemann, o criador da Ambev e brasileiro mais rico, de transformar seu negócio de cervejas em um líder realmente global. Embora a companhia seja hoje a maior produtora da bebida no mundo, faltam joias importantes para sua coleção.

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