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EMPREENDEDORISMO

Como as empresas recebem profissionais que deixaram seus cargos para empreender

Diogo dos Reis Ruiz, da produtora Asteroide, recontratou  o designer Leonardo Scholz, que havia deixado a empresa para empreender.  “Sabíamos que ele voltaria mais preparando ainda”. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Diogo dos Reis Ruiz, da produtora Asteroide, recontratou o designer Leonardo Scholz, que havia deixado a empresa para empreender. “Sabíamos que ele voltaria mais preparando ainda”. (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Há seis anos, o curitibano Diogo dos Reis Ruiz, 31 anos, decidiu deixar uma sólida carreira em uma empresa e investir no próprio negócio, se unindo a dois sócios. Em pouco tempo, sua produtora de vídeo, a Asteroide, ganhou projeção no mercado, fez parcerias com empresas do mundo todo e abriu uma sede nos Estados Unidos. Tanto avanço veio acompanhado de lições que o empresário leva para toda a vida profissional. Um aprendizado único que só uma experiência empreendedora é capaz de proporcionar. “A gente adquire um maior senso de responsabilidade e passa a enxergar a empresa de maneira mais ampla”, defende.

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Com esta perspectiva, Diogo não pensou duas vezes antes de recontratar um funcionário que havia deixado a produtora para abrir uma empresa. Depois de atuar um período como autônomo, o designer Leonardo Scholz, 26 anos, foi chamado por Diogo para retomar a carreira na Asteroide. “Sabíamos que ele voltaria ainda mais preparado e cheio de ideias”, lembra Diogo. E assim aconteceu.

Leonardo conta que retornou com uma visão mais rica, sobretudo, no que tange à gestão. “Antes de produzir, você precisa comunicar, vender, organizar, controlar, otimizar. Agora tenho uma empatia grande por todas as áreas de uma produtora e senti na pele os desafios que os donos passam diariamente.”, diz. O jovem é um dos mais empenhados colaboradores da empresa e recebeu um convite para participar da abertura da unidade no exterior.

Visão nova

Segundo o consultor de carreira, Silvio Celestino, da Alliance Coaching, empresas jovens, sobretudo, startups, são as mais abertas a receber profissionais com experiência empreendedora. Isso porque elas dão muito valor a aspectos como criatividade e proatividade, cruciais para o sucesso de grandes iniciativas.

Para o empresário Bruno Picinini, que também deixou um emprego estável para investir nos próprios projetos, os sites Empreendedor Digital e Férias sem fim, essa valorização tem muito a ver com o conceito de intra-empreendedor, um profissional com alto potencial de empreender, mas que atua em uma empresa que não é a sua. “Estas pessoas, geralmente, são responsáveis pela abertura de novos setores, por buscar novos mercados e explorar novas ideias”, explica.

Insegurança

Ainda assim, Bruno destaca que, para muitas organizações, uma experiência empreendedora no currículo pode deixar o recrutador inseguro, já que, a médio prazo, é possível que o candidato queira abandonar a empresa para abrir um negócio novamente. Com relação a isso, o diretor da Gábor Recursos Humanos, Ricardo Karpat, aconselha que, caso queira tentar uma vaga em uma empresa, o profissional evidencie seu propósito tanto no currículo quanto na entrevista. Também é interessante explicar a razão do fim da fase empreendedora e destacar seu aprendizado ao longo deste período.

Otimismo importa

Silvio alerta para outro ponto que também chama a atenção das empresas na hora de contratar um empreendedor: o estado de espírito do candidato. Muita gente deixa de empreender por ter falhado em alguns pontos e, por isso, volta para o mercado extremamente desmotivado, perdido e melancólico.

Diferente do mercado estadunidense, para o qual a tentativa de empreender é um ponto positivo em qualquer circunstância, o mercado brasileiro tende a olhar com desconfiança para quem volta inseguro. Sendo assim, segundo Silvio, é importante trabalhar a forma de ver as coisas, buscar uma perspectiva positiva e otimista e jogar fora qualquer vestígio de amargura, “Profissionais que lidam bem com o fracasso estão muito mais aptos a serem bem sucedidos”, destaca.

Contato com o mercado

Uma questão que preocupa muitas pessoas é o medo de o empreendedorismo afasta-las do mercado. Mas será que isso acontece mesmo? Segundo Ricardo, depende. Quando o indivíduo passa a atuar em outra área, sua rede antiga de pessoas fica mais distante.

Em contrapartida, quando se abre um negócio em seu próprio segmento, seu círculo de relacionamentos, bem como sua visão do todo, apenas se amplia. Quem não quer perder o vínculo com a área antiga, deve marcar encontros frequentes com seus contatos e se atualizar constantemente, inclusive, fazendo cursos para crescer em conhecimento e networking.

Planeje sua carreira

Ricardo diz que um erro muito comum entre empreendedores que querem voltar para o mercado é o de não planejar a carreira. Muita gente acaba aceitando o primeiro emprego que surge e não cria uma lógica entre os cargos que ocupa. “Se eu quero trabalhar em tal empresa, eu posso fazer planos para chegar lá. Nem que para isso eu precise entrar em outras organizações que facilitem o meu acesso à companhia que eu almejo”, exemplifica.

De acordo com o consultor, o profissional deve especificar para si mesmo a área em que quer crescer, estudar as companhias do segmento e formatar um direcionamento ideal para evoluir. “O dinheiro a qualquer custo pode ser mais fácil, mas, a longo prazo, não agrega muito a um bom recomeço”, ressalta.

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