A Petrobras é a mais rentável entre as grandes petroleiras do mundo no segmento mais crucial e desafiante do setor: encontrar, desenvolver e produzir petróleo. Seus campos são tão fartos que diluem os custos crescentes que têm assombrado petroleiras mundo afora. Mesmo assim, a estatal tem a pior rentabilidade global entre as maiores petroleiras do planeta, segundo levantamento global do Credit Suisse.
O motivo é a perda na área que engloba refino, distribuição e revenda principalmente por causa do controle do preço de combustíveis feito pelo governo para evitar impacto na inflação. Há mais de dois anos, a Petrobras vende diesel e gasolina por preços menores do que os pagos quando importa. A perda com o segmento é tamanha, segundo a equipe de analistas do Credit, que "destrói valor da empresa".
"Os principais problemas da Petrobras são poucos, mas são muito grandes", diz o analista Vinícius Canheu, autor de estudo de 124 páginas sobre a empresa junto com André Sobreira. A defasagem de preços é o maior. A estatal, calculam, teria hoje um resultado anual US$ 10,2 bilhões mais gordo não fosse a defasagem de preços de combustíveis, vendidos com um desconto de cerca de 20% em relação ao mercado internacional.
Trata-se de uma empresa de extremos. É a mais rentável em exploração e produção: o retorno sobre o capital bruto investido fica em 18%, contra uma média de 12% do setor e de 11% de gigantes como Exxon e Shell.
Mas, em refino, distribuição e revenda, é a única do mundo com resultado negativo. O retorno é de -9%, contra média de 3% do setor. Exxon lidera com 11%, Shell vem atrás com 9%. No cômputo final, o retorno sobre o capital investido é de 7%, o mais baixo do setor. A Chevron lidera com 12%, e a média do setor é de 9%.
A Petrobras também é a petroleira que mais investe: de US$ 43 bilhões a US$ 44 bilhões por ano, ante uma média de US$ 19 bilhões do setor. Em segundo e terceiro lugares, vêm Exxon, com US$ 40 bilhões, e Shell, com US$ 38 bilhões nos dados mais recentes referentes a 2012.